Uma pesquisa desenvolvida pela engenheira agrônoma Diandra Achre, com apoio da Fapesp, revelou uma alternativa promissora ao uso de agrotóxicos no combate à lagarta-do-cartucho no milho: o uso de bactérias extraídas da própria microbiota do inseto. O estudo, que serviu de base para mestrado e doutorado da pesquisadora, resultou em um bioinsumo capaz de fortalecer as defesas naturais da planta, aumentando sua resistência e reduzindo significativamente os danos causados pela praga.
Quando inoculadas na planta, as bactérias — que normalmente beneficiariam o inseto — passam a estimular o milho a ativar mecanismos de defesa ao reconhecer sinais do inimigo. Em testes de laboratório, as larvas chegaram a morrer em 100% dos casos; em campo, os danos foram reduzidos em até 50%.
O produto biológico, que está em fase de formulação final e testes de viabilidade industrial, deve chegar ao mercado nos próximos anos. Segundo Diandra, ele também contribui para a sustentabilidade da lavoura, ao diminuir o uso e a frequência de aplicação de agrotóxicos como organofosforados, carbamatos e piretroides — amplamente usados no cultivo de milho.
"Além de reduzir o uso, reduzimos também o número de aplicações, o que diminui o custo com água, combustível e tempo", explica a pesquisadora.
A pesquisa, conduzida no campus da Esalq em Piracicaba (SP), envolveu uma abordagem multidisciplinar, integrando microbiologia, entomologia, genética e fisiologia vegetal. Com o apoio recebido, Diandra fundou uma agtech voltada ao desenvolvimento de bioinsumos agrícolas e já trabalha para escalar a produção do novo produto. O objetivo é oferecer ao mercado uma solução mais econômica e ecológica no controle de pragas agrícolas.