O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou na última semana que há “grande possibilidade” de o governo norte-americano aplicar sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A declaração foi feita em resposta ao deputado republicano Cory Mills, aliado do ex-presidente Donald Trump, durante uma audiência na Câmara dos Representantes.
Rubio mencionou o uso da Lei Global Magnitsky, legislação que autoriza o governo dos EUA a punir estrangeiros envolvidos em corrupção ou violações de direitos humanos. Embora não tenha sido formalizada qualquer medida até agora, a fala pública de Rubio marcou a primeira vez que uma sanção desse tipo é cogitada contra uma autoridade de alto escalão do Brasil.
Segundo o cientista político Guilherme Casarões, o episódio inaugura um novo e delicado capítulo nas relações entre os dois países. "É um patamar muito diferente e perigoso para a relação bilateral. Ainda não há ações concretas, mas a simples menção já é grave", avaliou.
Essa escalada de tensão vem sendo impulsionada por setores bolsonaristas, especialmente por Eduardo Bolsonaro, que desde a volta de Trump ao poder em janeiro deste ano tem reforçado críticas à atuação de Moraes. O ministro do STF é visto como figura central nas investigações e decisões que atingem a extrema direita brasileira.
O governo brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente, mas diplomatas têm expressado preocupação com os desdobramentos. A chancelaria avalia que qualquer medida punitiva dos EUA contra um membro do Judiciário brasileiro poderia gerar uma grave crise diplomática, com impacto em acordos bilaterais e cooperação internacional.
A eventual aplicação da Lei Magnitsky abriria um precedente inédito, podendo restringir viagens, congelar bens e impor sanções financeiras ao ministro. A iniciativa, porém, ainda depende de trâmites internos no governo americano.
Especialistas destacam que a ofensiva política contra Moraes também é simbólica: reflete um alinhamento da ala trumpista nos EUA com os setores mais radicalizados da política brasileira.