A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso (Seciteci) promoveu uma roda de conversa sobre a presença feminina na produção científica e tecnológica, durante a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Cuiabá. Pesquisadoras, gestoras e estudantes debateram medidas para ampliar o acesso, garantir permanência e fomentar a ascensão de mulheres nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.

Entre as ações apresentadas estavam iniciação científica desde a escola, editais com bonificação e critérios de equidade, políticas de apoio à maternidade, programas antiassédio, diversidade em comitês de avaliação e acompanhamento de indicadores de participação.

Para Lecticia Figueiredo, diretora da Rede de Inovação Mato Grosso – Inova MT, a proposta do encontro foi começar pelos desafios, mostrar políticas já em curso e apontar próximos passos para incluir mais mulheres nas ciências. A pró-reitora da Unemat, Aurea Regina Alves Ignácio, destacou que a inserção precoce de meninas em áreas como biologia, química, física e matemática, aliada a condições de acesso e infraestrutura, é essencial para transformar resultados ao longo da carreira.

A professora Edna Maria Bonfim da Silva, da UFR, ressaltou a importância da criação de referências e redes femininas e apontou que, apesar de existirem políticas de fomento, os comitês ainda são majoritariamente masculinos, o que limita a execução e ascensão feminina. Já Hilda Regina Pereira Menezes Olea, do IFMT, abordou a necessidade de reparar o apagamento histórico das mulheres na ciência, garantindo reconhecimento e condições para que produzam e divulguem seus conhecimentos.

O encontro também contou com relatos de estudantes, como Paloma Dierings Côrtes, do 3º ano do ensino médio, que destacou como a iniciação científica precoce mudou sua percepção sobre a carreira de cientista, incentivando projetos inovadores e a participação em feiras e mostras científicas.

Segundo Lecticia Figueiredo, políticas públicas eficazes devem considerar as múltiplas jornadas das mulheres, incluindo apoio à maternidade, creches, licenças equânimes, auxílio para viagens, pausas na carreira sem punição e metas de diversidade em comitês. A proposta reforça a importância de estimular meninas na escola, apoiar a permanência e promover ascensão com critérios transparentes e proteção contra violências.

O evento consolidou um espaço de diálogo para conectar ações de curto prazo, como bonificações e acolhimento, a estratégias de médio prazo, como diversidade em comitês e metas de liderança, fortalecendo o papel das instituições na promoção do talento feminino na ciência.