O ex-Advogado-Geral da União (AGU) Bruno Bianco prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres na ação penal que investiga um suposto plano golpista articulado pela cúpula do governo de Jair Bolsonaro.
Segundo Bianco, Bolsonaro perguntou diretamente se ele havia identificado qualquer problema jurídico que justificasse questionar o resultado das eleições presidenciais de 2022. O ex-AGU respondeu que não, afirmando que o pleito ocorreu de forma correta, legal e transparente, com acompanhamento de comissão.
“Ele [Bolsonaro] perguntou se eu tinha visto algum problema ou algo que pudesse ser questionado. Eu disse que não. O presidente, pelo menos na minha frente, se deu por satisfeito”, relatou Bruno Bianco.
A reunião ocorreu com a presença dos comandantes das Forças Armadas e do então ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira.
Entretanto, em depoimentos recentes ao Supremo Tribunal Federal (STF), ex-comandantes das Forças confirmaram que Bolsonaro discutiu com a cúpula militar uma “minuta do golpe”, revelando outro lado da trama.
Em 26 de março, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e 33 pessoas por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. A denúncia aponta que o ex-presidente e seu então candidato a vice, Braga Netto, lideraram uma organização que tentou impedir a validação do resultado eleitoral de 2022.
Bolsonaro é o primeiro ex-presidente do Brasil a ser formalmente réu por atentado contra a democracia.