A Polícia Civil prendeu o ex-auditor fiscal Arnaldo Augusto Pereira, acusado de corrupção e falsificação de documento, após ele simular a própria morte para escapar de condenações que somam 43 anos de prisão. A captura foi acompanhada com exclusividade pelo Fantástico, da TV Globo.

Arnaldo, que foi subsecretário de arrecadação da Prefeitura de São Paulo entre 2007 e 2009, é apontado como um dos envolvidos na chamada Máfia dos Fiscais do ISS, esquema que teria movimentado cerca de R$ 1 bilhão em propinas pagas por construtoras. Ele também é acusado de receber mais de R$ 1 milhão em Santo André, no ABC paulista, quando atuava como secretário de Planejamento, em 2012.

Mesmo condenado a 23 anos pela Máfia do ISS, 13 por propina e 7 por lavagem de dinheiro, Arnaldo estava em liberdade enquanto recorria das sentenças. Com medo de uma decisão definitiva, elaborou um plano para se livrar das penas: viajou de Mucuri até Salvador, onde pagou R$ 45 mil por uma certidão de óbito verdadeira emitida por um cartório. O documento, enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), levou à extinção temporária de sua punição no caso de Santo André.

A fraude só foi descoberta quando promotores de São Paulo notaram inconsistências na documentação — a morte teria ocorrido em uma casa simples em Salvador, local incompatível com o padrão de vida de Arnaldo, e o enterro supostamente aconteceu em Cachoeira, cidade onde ele não tinha vínculos. Funcionários do cemitério confirmaram que o corpo nunca foi enterrado ali.

O médico legista que assinou o atestado, Sérgio Ricardo da Costa, declarou ter sido enganado por uma funerária e assinou o documento à distância — o que é proibido por lei. Ele teria se baseado em um vídeo mostrando um homem deitado em um sofá, que segundo o Ministério Público, era o próprio Arnaldo se fingindo de morto.

Após a descoberta, uma operação policial monitorou por dias uma residência em Mucuri. O ex-auditor foi localizado após tentar fugir em uma picape preta e acabou preso. Durante o depoimento, confessou a farsa: “Eu sei o que fiz de errado. Já assumi que estou vivo. Foi uma atitude de desespero”, declarou.

Segundo os promotores, Arnaldo também usou a certidão falsa para tentar desbloquear bens sequestrados pela Justiça — valores que seriam usados para ressarcir os cofres públicos. Agora, ele responderá a um novo processo por falsificação de documento e permanece preso na Bahia.

O STJ informou que vai revisar o caso para anular a extinção da pena. Os advogados antigos de Arnaldo abandonaram a defesa, alegando terem sido enganados. Uma nova equipe jurídica assumiu sua representação.