O Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa fundada em 1993 em São Paulo, hoje está mapeado em 28 países e expande sua atuação para além das fronteiras brasileiras, segundo relatório exclusivo do Ministério Público de São Paulo obtido pela GloboNews e g1. A organização criminosa, que iniciou com menos de dez integrantes, agora conta com cerca de 50 mil membros e movimenta aproximadamente R$ 1 bilhão por ano, principalmente por meio do tráfico internacional de drogas e armas.
A facção não só utiliza outros países como ponto de passagem temporária, mas também estabelece moradia fixa e infiltração dentro de presídios no exterior, especialmente na América Latina e na Europa, ampliando sua capacidade de recrutar e consolidar poder. A presença do PCC já foi confirmada em cadeias do Paraguai, Argentina, Chile e Portugal, onde há registros de batismo de presos locais e controle de territórios, uma marca histórica do grupo.
Segundo o promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo, o PCC replica sua estrutura de atuação no exterior, com setores dedicados ao tráfico, financeiro e controle do sistema prisional. Em Portugal, considerado um dos principais pontos estratégicos da facção na Europa, a forte ligação cultural e a língua comum favorecem a infiltração e o recrutamento de novos integrantes, além de facilitar operações de tráfico e lavagem de dinheiro.
O tráfico internacional é apoiado por sofisticados métodos, incluindo o uso de mergulhadores especializados para esconder cargas de cocaína em navios cargueiros, conforme investigações da Polícia Federal. A cooperação com organizações criminosas europeias, como a máfia calabresa na Itália, também tem sido identificada, com acordos para envio e distribuição de drogas na Europa.
Além da expansão no tráfico, o PCC busca conexões em países como Sérvia e Líbano, onde se investigam relações ligadas à logística de armas e lavagem de dinheiro, possivelmente relacionadas ao financiamento do terrorismo.
Em resposta à ameaça crescente, o Brasil tem firmado acordos internacionais de cooperação com países como Portugal, Itália e com a Interpol, visando fortalecer a troca de informações, investigação conjunta e combate ao crime organizado transnacional.
Especialistas alertam para a necessidade de maior integração entre as forças de segurança estaduais brasileiras e reforçam que o modelo prisional, no qual o PCC se fortaleceu originalmente, é um desafio mundial ainda pouco compreendido por autoridades internacionais.
O combate à atuação global do PCC é considerado crucial para a segurança pública e para a preservação da democracia no Brasil e no mundo.