A presença da filha adolescente de Kim Jong-un em Pequim, durante visita oficial nesta semana, intensificou rumores de que a jovem possa ser a sucessora do líder norte-coreano. Esta foi a primeira vez que ela deixou o país em uma agenda pública, fato interpretado como um gesto político significativo.

Embora a Coreia do Norte nunca tenha confirmado sua identidade, autoridades de inteligência sul-coreanas acreditam que se trata de Kim Ju-ae, que teria cerca de 13 anos. A jovem ganhou notoriedade internacional quando o ex-jogador de basquete Dennis Rodman relatou ter conhecido a filha de Kim ainda bebê, em 2013.

Ju-ae foi vista ao lado do pai ao desembarcar em Pequim, após a viagem de trem blindado entre Pyongyang e a capital chinesa. Kim Jong-un participou do desfile militar que celebrou, na quarta-feira (3), a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. Analistas destacam que, ao contrário dela, o próprio Kim nunca acompanhou seu pai, Kim Jong-il, em viagens internacionais, o que reforça o caráter inédito do episódio.

Michael Madden, especialista do Stimson Center nos Estados Unidos, afirmou que Ju-ae está “ganhando experiência prática de protocolo”, útil tanto como possível líder futura quanto como integrante central da elite do regime. Ele observa que a participação da jovem em recepções diplomáticas, como a realizada na embaixada russa em maio, amplia sua exposição política.

A mídia estatal norte-coreana só reconheceu publicamente os filhos de Kim em 2022, quando Ju-ae apareceu em evento militar. Desde então, seu papel vem se expandindo de cerimônias militares para atividades de cunho político e econômico. Rachel Minyoung Lee, também pesquisadora do Stimson Center, ressalta que “se essa for uma campanha de sucessão, a atual projeção internacional da jovem contribui para consolidar sua imagem”.

Apesar disso, especialistas ponderam que ainda é cedo para confirmar Ju-ae como herdeira oficial, sobretudo em um regime historicamente marcado pela sucessão masculina. O modo como a propaganda estatal retratará sua participação na visita à China deve fornecer indícios mais claros sobre seu futuro papel na dinastia Kim.