O empresário ítalo-brasileiro Ernesto Iannoni, de 89 anos, fundador da Flexform — uma das cinco maiores fabricantes de cadeiras de escritório do mundo — trava uma batalha judicial contra os filhos Marco e Pascoal, a quem acusa de fraude na sucessão da empresa. O conflito, iniciado em 2010, já chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e se arrasta há mais de uma década.

Ao se aposentar, Ernesto transferiu o controle da companhia aos herdeiros mediante um acordo que previa o pagamento de 25% do valor da empresa. Segundo ele, a Flexform valia cerca de R$ 200 milhões à época, o que lhe garantiria R$ 50 milhões. No entanto, alega ter recebido apenas R$ 16 milhões, acusando os filhos de manipular a contabilidade para subvalorizar a companhia.

Um laudo recente da Polícia Civil de São Paulo reforçou as suspeitas, apontando escrituração irregular de aproximadamente R$ 70 milhões e indícios de uso de empresas de fachada e notas fiscais frias. Para a defesa de Ernesto, o documento confirma a tentativa de ocultação de patrimônio.

Já os filhos rejeitam as acusações, destacando que o pai ajuizou 22 processos sobre os mesmos fatos nos últimos 14 anos, sendo 20 deles considerados improcedentes. Em nota, lamentaram o prolongamento da disputa, afirmando que o novo inquérito representa apenas uma tentativa de reabrir uma questão já julgada.

A ruptura familiar também se refletiu na vida pessoal: os filhos alegam que o empresário chegou a pedir exames de DNA em quatro ocasiões quando eles já eram adultos e, em 2019, tentaram interditá-lo judicialmente, sem sucesso. Ernesto, por sua vez, afirma que a tentativa de interdição foi o episódio mais doloroso do conflito.

Atualmente, ele vive recluso em seu haras de luxo em Capão Bonito (SP), onde cria 70 cavalos puro-sangue lusitanos, sem contato com os filhos nem com os seis netos desde 2017. Para ele, a origem da disputa está ligada ao poder do dinheiro.