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Thursday, 03 de July de 2025 - 12:58:16
Frio intenso sobrecarrega o coração e pode causar infarto e AVC, alertam especialistas
TEMPERATURAS BAIXAS AUMENTAM RISCO DE INFARTO E AVC EM ATÉ 30%

Durante os meses mais frios do ano, o risco de infarto pode subir até 30% e o de acidente vascular cerebral (AVC) em torno de 20%, especialmente quando as temperaturas caem abaixo dos 14 °C. De acordo com o cardiologista Henrique Trombini Pinesi, da Clínica Sartor e do Instituto do Coração (Incor), o organismo reage ao frio por meio da vasoconstrição — o estreitamento dos vasos sanguíneos — como tentativa de preservar o calor corporal.

Essa contração vascular eleva a pressão arterial e força o coração a trabalhar mais, o que pode desencadear episódios graves, principalmente entre pessoas com fatores de risco. “Há liberação de hormônios como adrenalina, que elevam a frequência cardíaca e a pressão arterial. A soma desses efeitos aumenta consideravelmente a probabilidade de infarto e AVC em pacientes vulneráveis”, detalha Pinesi.

Entre os grupos com maior vulnerabilidade estão os idosos, fumantes, pessoas com hipertensão, colesterol alto, diabetes, além de indivíduos que já sofreram infarto ou que apresentam arritmias ou insuficiência cardíaca.

O cardiologista Daniel Marotta, do Hospital São Camilo (unidade Santana), acrescenta que homens acima dos 55 anos e mulheres com mais de 65 já apresentam risco cardiovascular mais elevado. “Se essas pessoas também convivem com comorbidades, o inverno pode ser ainda mais perigoso”, alerta.

Os especialistas recomendam atenção a sinais precoces. Os sintomas típicos de infarto incluem dor ou pressão no peito (que pode irradiar para os braços, costas ou mandíbula), falta de ar, suor frio, náuseas e sensação de mal-estar. Já os sinais de AVC envolvem fraqueza em um lado do corpo, dificuldades na fala, perda súbita de visão e tontura. Diante de qualquer um desses sintomas, é fundamental buscar atendimento médico imediato.

Para prevenir essas ocorrências, medidas simples são essenciais: manter-se aquecido, evitar exposição prolongada ao frio, seguir com a medicação prescrita, praticar atividades físicas mesmo dentro de casa e controlar fatores como pressão, colesterol e glicemia. A alimentação também deve ser equilibrada, com baixo consumo de sal e gordura, e a hidratação deve ser mantida, mesmo que a sensação de sede diminua.

Outro ponto de atenção é o uso de aquecedores ou banhos excessivamente quentes. Segundo Pinesi, mudanças bruscas de temperatura podem provocar picos de pressão e arritmias. “O ideal é manter a temperatura corporal constante”, explica.

Além disso, a vacinação pode ter papel fundamental na redução de complicações cardiovasculares durante o inverno. Conforme destaca Marotta, estudos da Sociedade Europeia de Cardiologia apontam que vacinas contra gripe, covid, vírus sincicial respiratório e herpes-zóster ajudam a prevenir infecções respiratórias que podem agravar doenças cardíacas e metabólicas.

Manter o calendário vacinal em dia, portanto, é uma forma eficaz de proteger a saúde de pessoas com maior risco, como idosos e portadores de doenças crônicas, durante os meses mais frios do ano.

Texto/Fonte: G1