A capitã da Polícia Militar Denyse Valadão, gerente da Patrulha Maria da Penha em Mato Grosso, fez um alerta direto: ao menor sinal de violência contra uma mulher, a Polícia deve ser acionada imediatamente. Segundo ela, romper o ciclo da violência depende muitas vezes de um ato de coragem — seja da vítima ou de pessoas ao redor.
A oficial explicou que acompanha relatos diários de mulheres que viveram anos sofrendo agressões em silêncio e de outras que só conseguiram interromper o ciclo após uma denúncia. Em muitos casos, observou, a iniciativa parte de vizinhos, familiares ou de alguém que escuta um pedido de socorro e decide chamar a viatura. “Essa atitude pode salvar vidas”, disse, reforçando que a formalização da denúncia é essencial para responsabilizar o agressor.
Caso em Sinop expõe risco da falta de denúncia formal
A capitã destacou como exemplo trágico o caso ocorrido em Sinop no domingo (24.11). Uma equipe da PM foi chamada para atender uma ocorrência de violência doméstica, mas a vítima preferiu não formalizar a denúncia, alegando ter se entendido com o marido. Mais tarde, um novo chamado levou os policiais ao mesmo endereço, onde encontraram Gislaine Ferreira da Silva, de 35 anos, morta a facadas. O marido foi preso e vai responder por feminicídio, crime cuja pena pode chegar a 40 anos.
Atuação da Patrulha Maria da Penha
Entre janeiro e setembro deste ano, a Patrulha Maria da Penha registrou atendimento a 4.315 mulheres vítimas de violência doméstica e realizou 8.979 visitas solidárias em Mato Grosso. O programa conta com uma rede de apoio psicológico, jurídico e social, criada para ajudar as mulheres a deixar o ciclo de agressões.
Desde 2019, o Governo do Estado já destinou mais de R$ 2,3 milhões ao programa, investindo em viaturas, equipamentos e melhorias nas estruturas de atendimento.
Avanços e ampliação do programa
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Fernando Tinoco, afirmou que os resultados positivos são consequência do trabalho conjunto entre policiamento ostensivo, ações preventivas e investimentos estaduais. Ele destacou que o efetivo da Patrulha foi ampliado e que a expectativa é continuar avançando no atendimento às mulheres e pessoas vulneráveis.
Além disso, as Secretarias de Segurança Pública e de Assistência Social e Cidadania firmaram um Termo de Cooperação Técnica para garantir o pagamento de horas extras a policiais civis, militares e bombeiros envolvidos nas ações do programa SER Família Mulher, reforçando o enfrentamento à violência doméstica em Mato Grosso.