A China criticou duramente a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros e classificou a medida como uma forma de coerção. Foi a primeira manifestação pública de Pequim desde o anúncio feito por Donald Trump, que gerou uma crise diplomática entre Washington e Brasília.
Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (11), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que “tarifas não deveriam ser uma ferramenta de coerção, intimidação ou interferência” e defendeu os princípios de soberania e não intervenção previstos na Carta da ONU. Segundo ela, as novas medidas violam normas básicas das relações internacionais.
O anúncio do tarifaço foi feito por Trump logo após o encerramento da cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro. “Qualquer país que fizer parte do Brics receberá uma tarifa de 10%, apenas por esse motivo. Se quiserem jogar esse jogo, eu também sei jogar”, disse o ex-presidente americano, apontando diretamente para o bloco do qual a China também é membro.
Histórico de tensões com a China
A China e os EUA já travaram uma guerra tarifária no início do ano, marcada por sucessivas retaliações. Em abril, Trump aumentou em até 145% as tarifas sobre produtos chineses, ao que Pequim respondeu elevando suas próprias taxas para até 125%. O impasse só começou a ser resolvido em maio, com acordos que reduziram as tarifas para 30% nos EUA e 10% na China.
Brasil reage ao tarifaço
O presidente Lula também reagiu ao aumento das tarifas. Em declaração oficial, disse que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém” e que responderá à medida com base na Lei da Reciprocidade Econômica. O petista ressaltou que as investigações sobre os atos de 8 de janeiro de 2023 são de responsabilidade exclusiva da Justiça brasileira.
Trump justificou a medida em uma carta pública enviada a Lula, na qual afirma — sem apresentar provas — que a decisão se deve a "ataques do Brasil contra eleições livres e à violação da liberdade de expressão dos americanos". O republicano também declarou que a relação comercial com o Brasil é “injusta” e afirmou que as tarifas são uma correção necessária de "décadas de déficits comerciais".
No entanto, dados do Ministério do Desenvolvimento do Brasil indicam que o país registra déficits comerciais com os EUA desde 2009, o que contradiz a alegação de Trump.
Segundo o governo brasileiro, a carta de Trump será devolvida à embaixada dos EUA. A nova tarifa deve entrar em vigor no dia 1º de agosto e incidir sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, inclusive setores já afetados como o de aço e alumínio.