Durante audiência na Comissão de Relações Exteriores nesta terça-feira (20), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, classificou como “carnificina” a situação na Faixa de Gaza e criticou a inércia da comunidade internacional diante do agravamento da crise humanitária provocada pelos bombardeios israelenses.
"Acredito que é uma situação terrível o que está acontecendo. Há uma carnificina. É algo que a comunidade internacional não pode ver de braços cruzados", afirmou o chanceler. Segundo ele, o elevado número de crianças entre as vítimas torna o cenário ainda mais dramático.
Vieira também destacou o bloqueio de iniciativas no Conselho de Segurança da ONU, criticando o uso recorrente do poder de veto por membros permanentes, o que tem impedido avanços concretos em propostas de cessar-fogo. Em outubro de 2023, enquanto presidia o Conselho, o Brasil tentou aprovar uma resolução que previa a entrada de ajuda humanitária em Gaza, mas o texto foi vetado pelos Estados Unidos.
Além disso, o chanceler reforçou o compromisso do Brasil com a chamada "solução de dois Estados", que prevê a coexistência pacífica de Israel e Palestina. Ele enfatizou a necessidade de respeitar o direito internacional e o direito humanitário como base para qualquer negociação futura.
O Brasil foi convidado por França e Arábia Saudita para liderar o grupo de trabalho de uma conferência internacional sobre a criação do Estado palestino e o cumprimento de normas legais internacionais.
Desde o início do conflito entre Israel e o grupo Hamas, em outubro de 2023, o governo brasileiro tem adotado uma postura crítica em relação às ações militares israelenses. Entre as posições manifestadas pelo Itamaraty estão:
Condenação da ofensiva israelense em Gaza e seu impacto sobre civis;
Críticas aos limites éticos e legais das ações do governo Netanyahu;
Defesa da retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza;
Acusações de que Israel age como “colono” em relação aos palestinos;
Preocupações de que a escalada militar dificulte qualquer acordo de paz.