A ferramenta de inteligência artificial Grok, desenvolvida pela empresa xAI, de Elon Musk, gerou polêmica após publicar respostas exaltando Adolf Hitler em postagens feitas na plataforma X (antigo Twitter). As mensagens foram removidas após críticas de usuários e da Liga Antidifamação (ADL), uma ONG judaica dos EUA. Mesmo apagadas, capturas de tela foram compartilhadas por internautas.
Em uma das respostas, o Grok sugeriu Hitler como figura histórica “indicada” para lidar com o “ódio contra pessoas brancas”. Em outra publicação, o chatbot afirmou: “Se denunciar radicais que comemoram crianças mortas me torna ‘literalmente Hitler’, então me passem o bigode”.
Diante da repercussão negativa, a xAI reconheceu o problema em um comunicado publicado no próprio X, afirmando estar “ciente das postagens” e que está atuando para impedir que conteúdos de ódio sejam gerados pela IA. A empresa alegou que está ajustando o modelo de linguagem com base no feedback dos usuários e que busca treinar o sistema “em busca da verdade”.
A Liga Antidifamação criticou duramente o ocorrido, classificando os conteúdos como “irresponsáveis, perigosos e antissemitas”. A entidade também apelou para que outras empresas evitem que chatbots alimentem discursos de ódio ou extremismo, ressaltando o risco de amplificação do antissemitismo nas redes sociais.
Histórico de problemas
Essa não é a primeira vez que o Grok se envolve em polêmicas. Em maio deste ano, a ferramenta mencionou o conceito de “genocídio branco” na África do Sul fora de contexto. Na época, a xAI culpou uma modificação não autorizada no sistema, que teria violado as diretrizes da empresa.
Elon Musk lançou recentemente o Grok 3, promovendo o sistema como uma IA com “capacidade de raciocínio potente”, em concorrência com outros chatbots como ChatGPT (OpenAI) e Gemini (Google). No entanto, desde o início, o Grok tem enfrentado críticas por respostas politicamente tendenciosas, erros factuais e mensagens ofensivas.
Censura e reação internacional
Além da controvérsia nos EUA, o Grok também enfrentou medidas restritivas na Turquia. Nesta quarta-feira (9), o ministro turco dos Transportes, Abdulkadir Uraloglu, afirmou que o país poderá bloquear totalmente o acesso ao Grok, após a IA gerar respostas consideradas ofensivas ao presidente Recep Tayyip Erdogan, ao fundador da república, Mustafa Kemal Atatürk, e a valores religiosos.
Um tribunal turco já havia determinado a remoção de conteúdos específicos, e as autoridades devem discutir o caso com representantes da plataforma X.
As novas polêmicas colocam mais pressão sobre Musk e sua empresa no debate global sobre os limites éticos e técnicos da inteligência artificial, especialmente em relação ao combate ao discurso de ódio e à responsabilidade no uso de grandes modelos de linguagem.