Faltam calçadas no entorno das casas de 27 milhões de brasileiros, ou 16% da população, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (17) pelo IBGE. Apesar disso, houve avanço desde 2010: atualmente, 84% das pessoas vivem em ruas com calçadas, ante 66% há 12 anos.
As informações fazem parte da pesquisa “Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios”, com base no Censo Demográfico de 2022, que avaliou as condições das vias onde vivem 174,1 milhões de pessoas — o equivalente a 86% da população. Foram analisados mais de 63 milhões de domicílios em áreas urbanas ou rurais com características urbanas.
A pesquisa considerou itens como pavimentação, iluminação, transporte, sinalização, acessibilidade e calçadas. Entre os estados com mais vias com calçadas estão o Distrito Federal (93%) e cinco do Nordeste: Sergipe (90%), Rio Grande do Norte (87%), Alagoas (85,6%), Paraíba (85%) e Ceará (85%). O Amapá tem o menor índice, com 57%.
Em 253 municípios, menos de 40% da população vive em ruas com calçadas, o que representa 4,5% das cidades brasileiras. Em Afuá (PA), por exemplo, só 0,9% da população vive em ruas com calçadas. Segundo o IBGE, a cidade tem uma estrutura urbana formada por pontes e passarelas, sem necessidade de calçadas, pois não há veículos motorizados.
Já em algumas cidades do interior paulista, como Buritizal, São Francisco e Dolcinópolis, o índice chega a 100%. O IBGE destaca que calçadas garantem mais segurança, conforto e inclusão, além de contribuírem para o transporte sustentável e qualidade de vida.
Rampas ainda são raridade
A pesquisa também revela que apenas 15% da população (26,5 milhões de pessoas) vivem em ruas com rampas de acesso para cadeirantes. Em 2010, eram apenas 6 milhões (4%). Isso significa que cerca de 120 milhões de pessoas vivem em locais sem esse tipo de estrutura.
Em 1.864 municípios (33% do total), menos de 5% da população tem acesso a rampas. Já em 157 cidades (3%), ninguém vive em vias com esse recurso. Entre os melhores índices estão Maringá, Toledo e Cascavel, no Paraná.
As rampas são obrigatórias pela Lei da Acessibilidade (nº 10.098), que exige que a urbanização das cidades contemple todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiência ou mobilidade reduzida.
Calçadas boas ainda são exceção
Mesmo com o avanço, a qualidade das calçadas ainda deixa a desejar. Apenas 18,8% da população vive em ruas com calçadas sem obstáculos, como buracos, desníveis, vegetação ou entradas irregulares.
Somente 238 municípios têm mais da metade da população morando em ruas com calçadas livres. É o caso de Santos (65%), Araçatuba (57%) e Ribeirão Preto (51,4%), todos em São Paulo. Já os piores índices estão no Piauí (6%), Maranhão (5%) e Acre (6%). O melhor desempenho é do Rio Grande do Sul, com 28,7%.
Segundo o IBGE, obstáculos em calçadas podem dificultar a locomoção e aumentar o risco de acidentes, principalmente para idosos, gestantes, crianças e pessoas com deficiência. Esta é a primeira vez que o instituto avalia a qualidade das calçadas no país.