Foto: Reprodução/Fantástico
Monday, 13 de October de 2025 - 14:45:39
Investigação aponta que suspeita de série de envenenamentos acionava a polícia após cometer crimes
MANIPULAÇÃO E CRUELDADE

A estudante de Direito Ana Paula Veloso Fernandes, investigada por ao menos quatro mortes por envenenamento em São Paulo e no Rio de Janeiro, costumava acionar a polícia logo após cometer os crimes, segundo as investigações. Em todos os boletins de ocorrência, ela aparecia como denunciante, testemunha ou até suposta vítima — uma tática, dizem os investigadores, para manipular as apurações e afastar suspeitas sobre si.

“Ela tinha prazer em manipular as investigações. Criava versões, inventava ameaças e usava a própria polícia para sustentar suas narrativas”, relatou um investigador.

O comportamento suspeito chamou atenção pela primeira vez em janeiro, quando Ana Paula ligou para a Polícia Militar dizendo que o vizinho, Marcelo Fonseca, estava trancado em casa havia dias. Segundo a polícia, ele já havia sido envenenado dias antes, e a mulher continuou morando no imóvel, alegando ser inquilina.

Meses depois, em maio, ela voltou a acionar a polícia, dessa vez após a morte de Maria Aparecida Rodrigues, mulher que conheceu em um aplicativo de relacionamentos. Usando um nome falso — “Carla” —, Ana Paula afirmou que Maria havia sido assassinada por um policial militar. “Ela inventava ameaças, criava bilhetes e fazia com que as vítimas assinassem documentos que reforçassem as histórias que contava”, explicou o delegado Halisson Ideião.

Inconformada com a investigação que classificou o caso como morte natural, Ana Paula ligou novamente à polícia, alegando ter encontrado um bolo “com cheiro de morte” em sua casa. Nenhuma irregularidade foi constatada na perícia.

Ao cruzarem os registros, os investigadores perceberam que ela estava presente em todas as mortes suspeitas — inclusive a do tunisiano Hayder Mhazres, de 21 anos, com quem teve um relacionamento. Outro caso apontado envolve o assassinato de um idoso no Rio de Janeiro, pai de uma ex-colega de faculdade, envenenado a pedido da filha.

“Ela comparecia constantemente à delegacia, queria saber o andamento dos inquéritos e se as perícias confirmavam envenenamento. Esse foi o ponto de virada”, disse Ideião.

A Polícia Civil de São Paulo afirma que o padrão de comportamento levou à suspeita de que Ana Paula seja uma serial killer. Ela e a irmã, Roberta Fernandes, investigada como cúmplice, estão presas preventivamente.

De acordo com o delegado, “ela tem prazer em matar — a motivação pouco importa. Quer matar e ser vista como quem descobre o crime”. Em depoimento, Ana Paula confessou dois assassinatos, mas negou ter usado veneno. A defesa sustenta que ela apenas relatou fatos e que a verdade será esclarecida ao fim das investigações.

Texto/Fonte: G1