A Polícia Civil de Mato Grosso revelou que o empresário investigado na Operação Safra 3, deflagrada na semana passada, construiu seu patrimônio com base em atividades criminosas ligadas ao roubo e furto de cargas, inicialmente de cerveja e, posteriormente, de grãos. As investigações foram conduzidas pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), que apontou o envolvimento do empresário, dono de uma distribuidora de bebidas em Nova Mutum, em uma organização criminosa especializada em desvios de cargas.
Conforme apurado, antes mesmo de se associar à quadrilha que furtou mais de R$ 20 milhões em grãos no estado, o investigado já atuava no furto de bebidas. A polícia estima que ele tenha participado do desvio de cerca de 10 a 15 cargas de cerveja, com as quais acumulou recursos para investir na aquisição de caminhões utilizados nos crimes subsequentes.
Segundo relatório da GCCO, o empresário também exercia papel de operador financeiro da organização. “Todos os bens em nome do investigado, suas empresas ou pessoas interpostas (‘laranjas’) foram adquiridos com recursos oriundos de atividades ilícitas. O sentimento de impunidade era evidente: utilizava seus próprios veículos, comprados com o lucro dos crimes, para continuar delinquindo”, destacou a polícia.
Em um episódio ocorrido em 2020, duas carretas carregadas com cervejas foram apreendidas em Nova Mutum. A ação, articulada pelo empresário, foi interceptada durante o transbordo das cargas roubadas em Rosário Oeste. Na ocasião, três cúmplices foram presos após troca de tiros com a polícia.
O investigado, segundo os agentes, levava uma vida de ostentação e se orgulhava de ter “se levantado com a cerveja”, embora tenha migrado para o furto de cargas de grãos por ser mais lucrativo e arriscado, em sua avaliação, que os crimes anteriores. A mudança de atuação foi considerada estratégica pela organização criminosa da qual fazia parte.
Em depoimentos e interceptações, o empresário expressava abertamente seu desejo de enriquecer às custas de novas vítimas, demonstrando frieza e determinação em seguir no esquema. Estima-se que ele tenha coordenado furtos em pelo menos sete propriedades rurais, gerando um prejuízo superior a R$ 4,5 milhões.
Um dos episódios detalhados na investigação envolveu cinco desvios simultâneos de carga de soja realizados por um motorista contratado pelo investigado, causando perdas estimadas em R$ 425,7 mil. Essas cargas foram entregues a uma empresa pertencente a outro membro do grupo, identificado como o principal articulador financeiro da organização criminosa.
A Polícia Civil segue aprofundando as investigações para responsabilizar todos os envolvidos no esquema. A operação segue em andamento.