O irlandês Paul Farrell sobreviveu a uma queda de aproximadamente 200 metros durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, o mesmo vulcão onde a brasileira Juliana Marins, de 26 anos, morreu recentemente. O acidente de Farrell ocorreu em outubro de 2023, mas voltou à tona após a tragédia com Juliana.
Em entrevista à BBC News Brasil, Farrell relembrou que o acidente aconteceu durante o trajeto de descida após atingir o cume do Rinjani. Ao parar para limpar os tênis, ele se ajoelhou e o terreno arenoso cedeu. "O chão onde eu pisava simplesmente desabou", contou.
Durante a queda, ele tentou frear agarrando pedras e vegetação. Só conseguiu parar ao colidir contra uma grande rocha, onde permaneceu por cerca de cinco a seis horas. Apesar da queda, sofreu apenas cortes e arranhões.
Farrell estava acompanhado por um grupo, mas no momento da queda apenas uma francesa estava por perto e conseguiu buscar ajuda. O resgate, segundo ele, foi lento e improvisado. A equipe tentou usar roupas amarradas para retirá-lo, sem sucesso, até que socorristas chegaram com o equipamento adequado.
"Foi muito assustador. Eu faria um pacto com Deus ou com o Diabo para sair vivo", afirmou o irlandês, que hoje vive uma rotina mais espiritualizada após o acidente.
Ao comentar a morte de Juliana, ele prestou solidariedade à família e defendeu melhorias na segurança da trilha. “Mais investimentos são necessários. Talvez cobrar uma taxa maior para turistas ou garantir dois guias por grupo, para oferecer suporte a quem fica para trás”, sugeriu.
Apesar do susto, Farrell afirmou que pretende voltar ao Rinjani: “Seria mais cauteloso, mas quero subir montanhas enquanto eu for capaz”.
A experiência transformou sua visão de vida. “Passei a pensar no que realmente importa. Hoje minha conexão com Deus é mais forte e tento viver alinhado com os meus valores”, disse ele, atualmente em um retiro espiritual na Índia.