Israel e o Hamas manifestaram interesse em um possível cessar-fogo definitivo, mas analistas alertam que a cautela ainda predomina entre as partes. O movimento islamista, dividido entre lideranças em Doha e Gaza, aceitou libertar reféns, mas deve impor obstáculos às exigências de desarmamento e pressionar por um cronograma de retirada das tropas israelenses do enclave palestino.
Um dos principais pontos de divergência nas negociações é justamente o recuo militar israelense. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ainda não se comprometeu com a retirada total de suas forças de Gaza, enquanto o Hamas pretende incluir na pauta a libertação de líderes condenados, como Marwan Barghouti — proposta já descartada em tentativas anteriores. Atualmente, 303 palestinos cumprem prisão perpétua em Israel.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem articulado o plano de paz com apoio de países árabes aliados, defende que o momento é decisivo. “É agora ou nunca”, disse o republicano, em um discurso que ecoou durante um grande protesto em Tel Aviv neste sábado (4). A pressão popular pelo retorno dos reféns é o principal fator que impulsiona o clamor pelo fim da guerra, que já dura dois anos desde o massacre de 1.200 pessoas em território israelense.
Trump reforçou que Israel suspendeu temporariamente os bombardeios para permitir o avanço das conversas e advertiu que não tolerará atrasos do Hamas. “O que o presidente Trump disse é que apoiará Israel completamente na ação enérgica contra o Hamas, caso isso não aconteça. Esperemos que possamos resolver isso da maneira mais fácil e não da maneira mais difícil”, afirmou Netanyahu neste domingo (5), ao reconhecer a complexidade do processo.
Desde o início do conflito, ambos os lados têm se acusado mutuamente pelo fracasso das negociações. Gaza, devastada por ataques e pela escassez de alimentos, segue à espera de um novo avanço diplomático que possa pôr fim à guerra e garantir a libertação dos reféns restantes.