Uma operação policial realizada na comunidade Vila Aliança, Zona Oeste do Rio de Janeiro, resultou em intensos confrontos nesta quarta-feira (3), deixando seis mortos e uma série de transtornos no transporte público. O clima de violência incluiu barricadas de fogo, ônibus e caminhões atravessados nas ruas e até ataques contra trens e coletivos. Durante a ação, um cinegrafista que fazia a cobertura foi sequestrado e espancado por criminosos fortemente armados.

Segundo relatos, mais de 15 homens com fuzis abordaram o profissional no momento em que ele registrava imagens de barricadas em chamas. O equipamento de trabalho foi destruído e seus pertences pessoais roubados. A vítima foi socorrida por policiais do Batalhão de Choque e encaminhada ao Hospital Albert Schweitzer. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, ele segue internado em estado estável e passará por exames. A motivação da agressão teria sido o simples fato de filmar o interior da comunidade.

A operação teve como alvos Bruno da Silva Loureiro, o Coronel, e José Rodrigo Gonçalves Silva, conhecido como Sabão da Vila Aliança. O primeiro é apontado como chefe do tráfico no Muquiço e suspeito de assassinar a jovem Sther Barroso dos Santos em agosto. Já Sabão é acusado de ordenar o ataque contra um helicóptero da Polícia Civil em março, quando o copiloto Felipe Marques Monteiro foi baleado na cabeça e segue internado.

Durante os confrontos, criminosos atearam fogo em veículos e usaram ônibus e caminhões como barricadas. Até o fim da manhã, seis coletivos e dois caminhões tinham sido tomados. O Globocop chegou a flagrar um grupo armado “escoltando” um ônibus sequestrado. Passageiros da Supervia, na estação Senador Camará, se jogaram no chão dos vagões para escapar dos disparos, e alunos do GET Mario Fernandes Pinheiros precisaram se abrigar em salas para se proteger das balas.

A ação foi conduzida a partir de informações de inteligência que indicavam a presença dos dois líderes do tráfico na região. Participaram da operação a Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil (Ssinte), a Subsecretaria de Inteligência da Polícia Militar (SSI), a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e o Bope.

O caso de Sther Barroso dos Santos, que motivou parte da ofensiva, segue gerando comoção. A jovem de 22 anos, moradora da Vila Aliança, foi violentada e assassinada após recusar sair com Coronel. Trabalhadora de lanchonete e cheia de planos para o futuro, ela havia tentado se afastar do traficante e chegou a mudar de comunidade. O corpo foi encontrado desfigurado, com sinais de violência sexual, reforçando a brutalidade do crime.

O canal do Factual RJ, para o qual o cinegrafista agredido trabalhava, tem mais de 1 milhão de inscritos no YouTube.