De Kathmandu a Lima, uma nova geração de manifestantes está tomando as ruas. Jovens da chamada geração Z — nascidos entre meados dos anos 1990 e o início da década de 2010 — têm protagonizado protestos em diferentes partes do mundo, de Nepal e Madagascar a Peru, Marrocos, Quênia e Indonésia. Em alguns casos, como no Nepal e em Madagascar, as manifestações foram tão intensas que resultaram na queda de governos.
Segundo o professor de Relações Internacionais da FGV, Oliver Stuenkel, convidado do podcast O Assunto, o fenômeno é marcado por um “pessimismo palpável” em relação às elites políticas e econômicas, vistas por esses jovens como desconectadas da realidade cotidiana. Ele observa que, apesar das motivações distintas em cada país, há um elo comum nas reivindicações: o sentimento de frustração com a falta de oportunidades e a desigualdade.
Durante a conversa com a jornalista Natuza Nery, Stuenkel destacou que os protestos têm uma linguagem simbólica compartilhada. Um exemplo é o uso da bandeira pirata da série One Piece, adotada como ícone de resistência e rebeldia em vários países.
As redes sociais, aponta o pesquisador, são o principal instrumento de mobilização dessa geração, que utiliza as plataformas digitais para articular atos, divulgar denúncias e formar redes de solidariedade internacional. No entanto, ele alerta para o risco de retrocessos democráticos, como ocorreu em Madagascar, onde a queda do governo foi seguida pela ascensão de um coronel do Exército.
O episódio “Os protestos da geração Z” está disponível nas principais plataformas de áudio e no YouTube. O podcast O Assunto é uma produção do g1 com apresentação de Natuza Nery e soma mais de 168 milhões de downloads desde sua estreia em 2019.