O Tribunal de Apelações dos Estados Unidos rejeitou nesta segunda-feira (15) o pedido do governo Trump para suspender a permanência de Lisa Cook no Conselho de Governadores do Federal Reserve (Fed). A decisão garante que ela participe normalmente da reunião de política monetária marcada para esta terça (16) e quarta-feira (17), na qual se espera a redução da taxa de juros diante da desaceleração do mercado de trabalho.
O caso é inédito: desde a criação do Fed em 1913, nenhum presidente tentou remover um diretor da instituição. Trump acusa Cook, indicada por Joe Biden, de envolvimento em fraude hipotecária antes de assumir o cargo — alegação que ela nega. A juíza distrital Jia Cobb já havia considerado que os argumentos do presidente não constituem “justa causa” para afastamento, como prevê a lei.
Cook, primeira mulher negra a ocupar o posto, acionou a Justiça no fim de agosto alegando perseguição política e defendendo que o presidente não tem poder legal para retirá-la do cargo por discordâncias sobre política monetária.
A disputa pode chegar à Suprema Corte e tem potencial de afetar a independência do banco central, considerada essencial para o controle da inflação e a estabilidade econômica. Trump tem pressionado o Fed por cortes agressivos nos juros, criticando duramente o presidente da instituição, Jerome Powell.
Analistas avaliam que a decisão judicial reforça a autonomia do Fed em meio às tensões entre a Casa Branca e o banco central.