O cantor, compositor e instrumentista Lô Borges, um dos fundadores do Clube da Esquina, morreu aos 73 anos, nesta quinta-feira (31). O artista estava internado desde 17 de outubro na UTI, após sofrer uma intoxicação por medicamentos. Durante o período de internação, precisou de ventilação mecânica e passou por uma traqueostomia no dia 25.
Natural de Belo Horizonte (MG), Salomão Borges Filho cresceu no bairro Santa Tereza, berço do movimento que revolucionou a música brasileira. Aos 10 anos, conheceu Milton Nascimento, então seu vizinho, em um encontro que marcaria para sempre a história da MPB. Anos depois, Lô também formaria amizade com Beto Guedes, outro parceiro musical da futura geração mineira.
A convivência nas ruas e esquinas de Santa Tereza inspirou o grupo a criar o Clube da Esquina, movimento que uniu harmonias sofisticadas, letras poéticas e influências do rock, jazz e bossa nova. Em 1972, o álbum “Clube da Esquina”, assinado por Lô e Milton, foi lançado e se tornou um marco — eleito, décadas depois, o maior disco da música brasileira e um dos dez melhores do mundo pela revista norte-americana Paste Magazine.
No mesmo ano, Lô também lançou seu primeiro álbum solo, conhecido como o “Disco do Tênis”, considerado uma obra-prima do pop psicodélico brasileiro. Após o sucesso, afastou-se dos palcos por um período, vivendo em Arembepe (BA), até retornar em 1978 com o disco “Via Láctea”, um dos mais aclamados de sua carreira.
Em 1984, realizou sua primeira turnê nacional com o álbum Sonho Real, e nos anos 1990 voltou a alcançar o grande público com a parceria com Samuel Rosa, do Skank, na canção “Dois Rios”.
Nos últimos anos, manteve uma rotina criativa intensa, lançando novos trabalhos anualmente. O mais recente, “Céu de Giz”, em parceria com Zeca Baleiro, foi lançado em agosto de 2025.
Entre suas composições mais conhecidas estão “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, “O Trem Azul” e “Paisagem da Janela”, canções que consagraram Lô Borges como um dos maiores compositores da música brasileira.