Foto: Redes sociais/Lô Borges
Monday, 03 de November de 2025 - 10:28:19
Lô Borges, morto aos 73, foi símbolo de liberdade criativa e um dos pilares do Clube da Esquina
MÚSICA BRASILEIRA

Figura central da renovação musical dos anos 1970, Lô Borges construiu uma trajetória marcada pela ousadia estética e pela influência duradoura. Cantor, compositor e produtor, o mineiro foi um dos nomes que redefiniram a sonoridade da MPB ao unir rock, jazz e samba em harmonias inovadoras.

Natural de Belo Horizonte, Lô deixou um filho, Luca Arroyo Borges, e uma extensa obra que ultrapassa gerações. Seu talento floresceu no Clube da Esquina, grupo de jovens músicos mineiros — entre eles Milton Nascimento, Beto Guedes e Toninho Horta — que se reuniam nas ruas Divinópolis e Paraisópolis, no bairro Santa Tereza, para compor e experimentar novos sons.

A parceria entre Lô e Milton gerou o emblemático álbum “Clube da Esquina” (1972), considerado um marco da música brasileira. Clássicos como “O Trem Azul”, “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” e “Trem de Doido” nasceram desse encontro criativo, assim como “Para Lennon e McCartney”, composta por Lô, Marcio Borges e Fernando Brant.

No mesmo ano, Lô lançou seu primeiro disco solo, o “Disco do Tênis”, batizado assim pela capa com um par de tênis. Após um período afastado dos palcos, ele retornou em 1978 com “A Via Láctea”, consolidando-se como um dos artistas mais originais de sua geração. Parcerias posteriores com nomes como Nando Reis e o Skank, em “Dois Rios”, reforçaram sua capacidade de dialogar com novas sonoridades.

De 2019 a 2025, o músico manteve uma rotina criativa intensa, lançando sete álbuns em colaboração com artistas como Nelson Angelo, Makely Ka, Marcio Borges, Patrícia Maês, César Maurício, Manuela Costa e Zeca Baleiro — este último em “Céu de Giz”, seu trabalho mais recente.

Mais do que compositor de sucessos, Lô Borges foi um arquiteto de sensações, misturando emoção e experimentação em cada acorde. Com mais de meio século de carreira, deixou uma herança luminosa — tão vibrante quanto o girassol que inspirou uma de suas canções mais conhecidas.

Texto/Fonte: G1