Foto: Roque de Sá
Tuesday, 15 de April de 2025 - 14:33:39
Luiz Fernando Corrêa deve ser ouvido nesta quinta (17)
DIRETOR DA ABIN É INTIMADO PELA PF PARA DEPOR SOBRE ESQUEMA DE ESPIONAGEM ILEGAL

A Polícia Federal (PF) intimou Luiz Fernando Corrêa, atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para prestar depoimento na investigação que apura o uso ilegal da agência para espionagem. A oitiva está prevista para acontecer na próxima quinta-feira (17).

Segundo investigadores, o objetivo é esclarecer se a atual gestão da Abin tentou atrapalhar as investigações sobre o uso do órgão, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), para monitorar ilegalmente autoridades, jornalistas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – o caso ficou conhecido como “Abin paralela”.

Além disso, a PF também quer saber se a atual direção da agência tinha conhecimento ou deu aval para uma suposta espionagem contra autoridades do Paraguai, especialmente ligadas às negociações sobre a usina de Itaipu.

A Abin foi procurada para comentar, mas ainda não se pronunciou.

A convocação de Corrêa, nomeado por Lula, coloca em lados opostos duas figuras de confiança do presidente: ele foi diretor-geral da PF no segundo mandato de Lula, enquanto Andrei Rodrigues, atual chefe da corporação, cuidou da segurança do petista na campanha de 2022.

Entenda o caso da “Abin paralela”

A investigação, iniciada em 2023, busca esclarecer se servidores e policiais ligados à Abin montaram uma rede ilegal para espionar pessoas consideradas “inimigas” de Bolsonaro. De acordo com a PF, o grupo teria usado uma ferramenta chamada FirstMile para monitorar alvos sem autorização judicial.

A expectativa inicial era concluir o inquérito até o final de 2024, o que ainda não aconteceu.

Suspeita de espionagem no Paraguai

Outro foco da investigação são denúncias de que, mesmo após a mudança de governo, a Abin teria continuado a realizar ataques cibernéticos contra sistemas do governo paraguaio. O objetivo seria obter informações sigilosas sobre valores discutidos no tratado da usina binacional de Itaipu, que influencia no custo da energia vendida ao Brasil.

A denúncia foi feita por um servidor da Abin em depoimento à PF, revelado inicialmente pelo portal UOL. Ele afirmou que a operação começou no governo Bolsonaro e seguiu durante o atual governo, com suposta autorização de Corrêa e de Saulo de Cunha Moura, que atuou como diretor interino da agência em maio de 2023.

O governo Lula declarou que suspendeu imediatamente a operação assim que tomou conhecimento do caso.

Texto/Fonte: G1