Durante a Cúpula do Mercosul realizada na Argentina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a importância do bloco para os países da América do Sul, destacando que a participação no Mercosul oferece proteção contra guerras comerciais externas e credibilidade internacional. Lula afirmou que o bloco proporciona uma tarifa externa comum que blinda os membros e fortalece as instituições regionais, tornando-os parceiros confiáveis no mercado global.
O discurso de Lula ocorre em meio a críticas do presidente argentino Javier Milei, que classificou o Mercosul como burocrático e restritivo, afirmando que o bloco prejudica a maioria da população em benefício de setores privilegiados. Milei defendeu a adoção de medidas de "liberdade comercial" e sugeriu flexibilizar as regras do Mercosul caso isso não ocorra.
Lula destacou que fortalecer o comércio dentro do Mercosul e com parceiros externos é uma prioridade durante sua presidência do bloco, e mencionou a intenção de incluir setores como automotivo e açucareiro na união aduaneira. O presidente brasileiro demonstrou confiança na assinatura ainda este ano dos acordos de livre comércio com a União Europeia e com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA).
Além disso, Lula ressaltou a importância de ampliar relações comerciais com países asiáticos, como Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e Indonésia, visando integrar a região nas cadeias globais de valor. O presidente também falou sobre o papel do Mercosul na transição energética, apontando a Conferência do Clima da ONU, COP 30, como oportunidade para a América do Sul demonstrar sua contribuição para soluções climáticas.
Apesar da troca de críticas entre Lula e Milei e da ausência de uma reunião bilateral, o encontro reforçou a relação pragmática entre Brasil e Argentina, conduzida pelos ministérios e chancelerias dos dois países. Lula ainda mencionou o combate conjunto ao crime organizado e investimentos em tecnologia como pontos importantes para a cooperação regional.
O Mercosul é composto atualmente por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, com a Bolívia em processo de adesão, e tem como objetivo fomentar o comércio e investimentos entre seus membros. A presidência do bloco é rotativa a cada seis meses.