O governo brasileiro avaliou como positiva, embora com cautela, a conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ocorrida nesta segunda-feira (6). O ponto mais sensível do diálogo foi a escolha de Marco Rubio, secretário de Estado americano, como novo interlocutor nas negociações sobre o tarifaço imposto a produtos brasileiros.

A decisão de Trump foi celebrada pela oposição brasileira, especialmente por setores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Parlamentares bolsonaristas consideram que Rubio, aliado político de Eduardo Bolsonaro, poderá adotar uma postura mais rígida com o governo Lula e até manter sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal.

Apesar das comemorações da oposição, a equipe de Lula avalia que a relação direta entre os dois presidentes pode facilitar a resolução de impasses. Um assessor próximo ao petista afirmou que, se houver dificuldades nas conversas com Rubio, Lula agora tem “um canal direto com Trump” para contornar eventuais obstáculos.

Em entrevista na Casa Branca, Trump reforçou o tom amistoso e declarou que deve se encontrar com Lula em breve, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil — sinal que, para o Planalto, demonstra disposição em retomar o diálogo diplomático.

Dentro do governo brasileiro, a expectativa é de que as tratativas retornem ao curso normal. Ainda assim, assessores de Lula defendem cautela: “Foi um passo importante, mas ainda é preciso entender o que Trump quer em troca para retirar o tarifaço de 40% sobre as exportações brasileiras”, disse uma fonte do Planalto.

Entre os temas que devem aparecer nas próximas rodadas de negociação estão as reservas de terras raras brasileiras, que interessam aos Estados Unidos, e a regulação das big techs, da qual Trump é opositor. O presidente americano também deve abordar as discussões do grupo Brics sobre a criação de uma moeda comum, proposta que ele rejeita firmemente.

O governo Lula indica disposição para negociar em pontos econômicos e tecnológicos, desde que não estejam em jogo a soberania nacional e a democracia brasileira.