O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oficializou nesta segunda-feira (20) a nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. A pasta é responsável por articular a relação do governo com os movimentos sociais e passa agora a ser comandada por uma das principais lideranças da esquerda brasileira.
A decisão foi comunicada em uma reunião de cerca de uma hora e meia no Palácio do Planalto, com a presença de Boulos, do então ministro Márcio Macêdo (PT-SE), e dos ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secom). Segundo o governo, uma transição técnica entre as equipes ocorrerá nos próximos dias.
Com a nomeação, Lula chega a 13 mudanças ministeriais desde o início de seu terceiro mandato. O movimento marca uma reconfiguração política no Planalto e abre espaço ao PSOL dentro da estrutura central do governo, retirando um ministério da cota do PT.
A escolha de Boulos tem caráter estratégico: o presidente quer fortalecer o diálogo com movimentos populares e reforçar a base social do governo em meio à preparação para a eleição presidencial de 2026. Fontes do Planalto afirmam que Boulos permanecerá no cargo até o fim do mandato, sem disputar cargos eletivos no próximo pleito — conforme exige a legislação eleitoral, que obriga ministros candidatos a se afastarem até março de 2026.
Após o anúncio, Lula publicou uma foto ao lado de Boulos e Macêdo. Em resposta, o novo ministro agradeceu o convite e afirmou que pretende “levar o governo para a rua”. “Minha principal missão será ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados. Minha grande escola foi o movimento social brasileiro, e levarei esse aprendizado agora ao Planalto”, declarou Boulos nas redes sociais.
Aos 42 anos, Boulos é formado em Filosofia, mestre em Psiquiatria e atua como professor e psicanalista. Militante histórico do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), ele defende bandeiras ligadas à reforma urbana e à moradia popular. Foi candidato à Presidência em 2018 e à Prefeitura de São Paulo em 2020 e 2024. Em 2022, elegeu-se deputado federal mais votado de São Paulo, com 1 milhão de votos.
Márcio Macêdo, que deixa o comando da Secretaria-Geral, estava no cargo desde janeiro de 2023. Ex-deputado federal e vice-presidente do PT, ele foi tesoureiro da campanha presidencial de Lula e um dos articuladores do G20 Social, realizado no Rio de Janeiro em 2023. No entanto, enfrentou críticas internas no ano passado após o baixo comparecimento ao evento do Dia do Trabalhador em São Paulo, o que teria contribuído para sua substituição.