O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (6), durante a abertura oficial da COP30 em Belém (PA), que o evento representa uma conquista histórica para a Amazônia e para o Brasil. Em seu discurso, ele destacou o simbolismo de realizar a conferência em uma região que enfrenta desafios estruturais e ambientais, classificando a escolha como uma “proeza”.

“Fazer a COP aqui é um desafio tão grande quanto acabar com a poluição do planeta Terra. Seria mais fácil realizá-la em uma cidade sem problemas, mas escolhemos a Amazônia para provar que nada é impossível quando há coragem e compromisso com a verdade”, declarou o presidente.

Lula defendeu que esta edição seja “a COP da verdade”, em contraponto ao que chamou de era da desinformação. “Os obscurantistas rejeitam as evidências da ciência e os avanços do multilateralismo. Eles controlam algoritmos, espalham ódio e medo. É hora de impor uma nova derrota aos negacionistas”, afirmou.

O presidente também voltou a criticar o desequilíbrio entre gastos militares e investimentos climáticos. “Se os homens que fazem guerra estivessem aqui, perceberiam que é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para resolver o problema climático do que gastar US$ 2,7 trilhões em guerras, como aconteceu no ano passado”, disse.

Durante a fala, Lula mencionou a importância da luta contra o racismo ambiental, tema que ganhou destaque na declaração assinada pelo Brasil durante a recente Cúpula de Líderes — considerada um marco por integrar justiça racial e ação climática em um mesmo compromisso internacional.

Embora o presidente não tenha citado nomes, a ausência dos Estados Unidos chamou atenção. O país não enviou representantes de alto escalão à conferência, que reúne cerca de 50 mil pessoas entre diplomatas, ativistas, cientistas e empresários.

Com a abertura oficial, as atenções agora se voltam para as mesas de negociação, nas quais os participantes deverão definir metas concretas para acelerar a transição energética, ampliar o financiamento climático e fortalecer a proteção das florestas tropicais.