O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta terça-feira (21) a nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, em substituição a Márcio Macêdo (PT-SE). A decisão foi comunicada durante uma reunião de cerca de uma hora e meia no Palácio do Planalto, com a presença dos ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secom).
A transição entre as equipes de Macêdo e Boulos deve ocorrer nos próximos dias. Após o encontro, Lula publicou uma foto ao lado dos dois, marcando oficialmente a troca de comando. Segundo interlocutores do Planalto, a escolha de Boulos busca fortalecer a relação do governo com os movimentos sociais, em um movimento estratégico já voltado para a eleição presidencial de 2026.
De acordo com uma fonte próxima ao presidente, Boulos deve permanecer no cargo até o fim do atual mandato, sem concorrer nas próximas eleições. Pela legislação eleitoral, ministros interessados em disputar cargos públicos precisam deixar as pastas até março de 2026.
A nomeação também tem peso político dentro do governo: ao assumir uma das cinco pastas sediadas no Palácio do Planalto, Boulos garante ao PSOL um espaço inédito na estrutura central do Executivo e retira o ministério da cota petista.
Em publicação nas redes sociais, o novo ministro agradeceu a confiança de Lula e afirmou que sua missão será aproximar o governo das ruas. “Minha principal missão será ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados. Minha grande escola foi o movimento social brasileiro, e levarei esse aprendizado ao Planalto”, declarou.
Aos 42 anos, Guilherme Boulos é uma das principais figuras da esquerda brasileira e o nome de maior projeção do PSOL. Formado em Filosofia e mestre em Psiquiatria, é professor, psicanalista e liderança histórica do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), com bandeiras voltadas à reforma urbana e à moradia popular. Boulos foi candidato à Presidência em 2018, à Prefeitura de São Paulo em 2020 e 2024, e, em 2022, elegeu-se deputado federal mais votado do estado, com 1 milhão de votos.
Márcio Macêdo, que deixa o cargo, ocupava a Secretaria-Geral desde janeiro de 2023. Ex-deputado federal e um dos vice-presidentes do PT, foi tesoureiro da campanha presidencial de Lula e responsável pela interlocução com movimentos sociais. Durante sua gestão, coordenou o G20 Social no Rio de Janeiro, em 2023. No entanto, enfrentou críticas internas em 2024, após o baixo comparecimento ao ato do Dia do Trabalhador em São Paulo, o que teria motivado o descontentamento do presidente.