Foto: Alyssa Joy/Marinha dos Estados Unidos
Tuesday, 11 de November de 2025 - 16:32:07
Maior porta-aviões do mundo chega à América Latina em operação dos EUA perto da Venezuela
TENSÃO NO CARIBE

O USS Gerald R. Ford, maior porta-aviões do planeta e principal ativo da Marinha dos Estados Unidos, chegou nesta semana à região do Caribe, dentro da área de responsabilidade do Comando Sul (SouthCom), segundo informou a Marinha americana. A embarcação integra uma operação militar ordenada pelo presidente Donald Trump, sob o argumento de combater o narcotráfico e o narcoterrorismo na América Latina.

Na prática, a presença do navio é vista por analistas como uma manobra de pressão direta sobre o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, e reacende temores de uma possível ação militar terrestre americana no país vizinho. A localização exata do Gerald Ford não foi divulgada, e o transponder da embarcação foi desligado após cruzar o Estreito de Gibraltar — procedimento comum em missões militares sigilosas.

De acordo com comunicado oficial, o grupo de ataque liderado pelo porta-aviões inclui também os destróieres USS Mahan, USS Bainbridge e USS Winston Churchill. A ordem partiu do Secretário de Guerra, Pete Hegseth, que determinou apoio às diretrizes presidenciais para desmantelar Organizações Criminosas Transnacionais e proteger os interesses estratégicos dos EUA.

O pesquisador Vitelio Brustolin, professor de Relações Internacionais da UFF e associado à Universidade de Harvard, afirmou ao g1 que o envio do Gerald Ford “é um sinal inequívoco da disposição dos EUA de usar poder militar em larga escala, muito além dos ataques pontuais a embarcações no Caribe”.

Batizado em homenagem ao ex-presidente Gerald Ford (1974–1977), o navio é a primeira unidade de uma nova classe de porta-aviões da indústria bélica americana, projetado para garantir projeção de poder, dissuasão e domínio marítimo global.

A chegada do Gerald Ford reforça uma ampla presença militar norte-americana no Caribe, que já conta com destróieres, aeronaves de combate, helicópteros de operações especiais e bombardeiros estratégicos. A escalada foi interpretada pela imprensa dos EUA como uma “expansão significativa da campanha militar” conduzida pelo governo Trump contra Maduro.

Desde agosto, Washington passou a classificar cartéis de drogas sul-americanos como organizações terroristas, autorizando ações militares contra eles. O governo americano também dobrou para US$ 50 milhões (R$ 269 milhões) a recompensa pela captura de Maduro, acusado de chefiar o Cartel de Los Soles.

Em resposta, o regime venezuelano colocou suas Forças Armadas em alerta máximo e iniciou o reposicionamento de armamentos — muitos de origem russa e obsoletos — em pontos estratégicos do território. Segundo fontes da agência Reuters, as tropas foram instruídas a se dispersar em caso de ofensiva aérea.

Não duraríamos duas horas em uma guerra convencional”, teria admitido uma fonte ligada ao governo de Caracas.

A situação amplia o clima de tensão regional e deixa em aberto a possibilidade de confronto direto entre forças americanas e venezuelanas, caso o governo Trump encontre respaldo jurídico para autorizar uma intervenção militar.

 
Texto/Fonte: G1