O Partido Liberal (PL), que costuma adotar o discurso de “tolerância zero ao crime”, votou majoritariamente contra a tramitação urgente de um projeto de lei que busca combater empresários responsáveis por sonegar bilhões de reais, entre eles os da refinaria Refit, no Rio de Janeiro.

Dos 50 deputados que se opuseram à urgência da proposta, 35 pertencem ao PL, legenda do governador Cláudio Castro. Um dos votos contrários veio do general Eduardo Pazuello (PL-RJ), que tem o combate à criminalidade como uma de suas principais bandeiras políticas.

Enquanto o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir decisões do Tribunal de Justiça do Rio que beneficiavam a Refit, o governador fluminense Cláudio Castro seguiu caminho oposto: entrou na Justiça pedindo a reabertura da refinaria, por meio de uma petição assinada pelo procurador-geral do Estado, Renan Miguel Saad.

O projeto rejeitado previa medidas mais duras contra os chamados “tubarões da sonegação”, empresas e empresários bilionários que acumulam dívidas fiscais vultosas com o Estado. A Agência Nacional do Petróleo (ANP), inclusive, havia suspendido as atividades da Refit por irregularidades.

A votação e a movimentação política revelam uma contradição dentro do PL, partido que costuma se apresentar como defensor do rigor penal, mas que, neste caso, se posicionou contra o endurecimento de regras voltadas ao combate à sonegação de grandes grupos econômicos.