Foto: Thalita Ferraz | Arte g1
Wednesday, 28 de May de 2025 - 09:15:44
Mandante da execução de empresário financiou documentário que enaltece facções criminosas PCC e CV
MANDANTE DA MORTE DE GRITZBACH INVESTIU R$ 900 MIL EM FILME DO PCC

As investigações sobre a morte do empresário José Carlos Gritzbach, executado no Aeroporto de Guarulhos há seis meses, revelam que o mandante do crime, conhecido como "Cigarreira", pagou cerca de R$ 900 mil para a produção do documentário "O Grito - Regime Disciplinar Diferenciado", disponível na Netflix.

O filme, com quase duas horas de duração, critica o sistema prisional brasileiro e o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), mas, segundo a polícia, serve também para fazer propaganda das facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho), exaltando seus líderes, como Marco Willians Herbas Camacho ("Marcola"), chefe do PCC, e Márcio dos Santos Nepomuceno ("Marcinho VP"), líder do CV.

"Cigarreira", que está foragido e suspeito de estar no Rio de Janeiro, também controla uma rádio (Street FM) e uma produtora (K2), ambas usadas para atividades ligadas às facções. O mandante fugiu em avião particular antes do assassinato e mantém forte rede de proteção com as organizações criminosas, dificultando a ação policial.

O diretor do filme, Rogério Giannetto, confirmou ter recebido o pagamento da produtora K2, mas afirmou que o documentário tem a intenção de provocar reflexão sobre o sistema penitenciário e que a produção recebeu diversos prêmios internacionais.

A Netflix esclareceu que o documentário não é uma produção original da plataforma, mas apenas um conteúdo licenciado, sem envolvimento na produção.

Além disso, a ONG Pacto Social e Carcerário, que aparece no documentário e foi alvo de operação policial, é apontada como braço do PCC, atuando na divulgação de informações falsas para manipular a opinião pública contra as autoridades.

O assassinato de Gritzbach teria sido motivado pelo fato de ele ter causado prejuízo financeiro aos criminosos, envolvido-se em disputas internas e delatado integrantes das quadrilhas. As investigações continuam, revelando a conexão entre facções, polícia e o crime organizado em São Paulo.

 
Texto/Fonte: G1