Um ano após o assassinato de Antônio Vinicius Gritzbach, conhecido como “delator do PCC”, as investigações apontam que os mandantes do crime — ligados ao Primeiro Comando da Capital — foram protegidos pelo Comando Vermelho (CV) em comunidades do Rio de Janeiro. Drones da Polícia Civil de São Paulo flagraram um dos suspeitos, Kauê Amaral, atuando como olheiro na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, área controlada pela facção carioca.
As imagens mostram Kauê circulando em uma casa com piscina, monitorada de forma constante por homens armados. O local era protegido por barricadas e pontos de venda de drogas, o que tornava qualquer incursão policial arriscada. Durante a investigação, dois drones da polícia paulista foram abatidos por criminosos. Outro suspeito, Emílio Carlos Gongorra, o “Cigarreira” — apontado como traficante e mandante do assassinato — também está foragido e teria chegado ao Rio em um avião fretado na véspera do crime.
O paradeiro de “Cigarreira”, de Kauê e de outro suposto mandante, Diego Amaral, o “Didi”, segue desconhecido. Nenhum deles apresentou defesa no processo judicial.
O homicídio ocorreu em 8 de novembro de 2024, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Gritzbach havia retornado de Maceió (AL) carregando joias avaliadas em milhares de reais, quando foi executado a tiros de fuzil na saída do Terminal 2. O ataque, realizado em plena luz do dia, também matou um motorista de aplicativo e feriu outras duas pessoas.
De acordo com o inquérito concluído em março deste ano, o crime foi motivado por vingança pela morte de Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”, ex-líder do tráfico do PCC na Zona Leste de São Paulo. Seis pessoas foram indiciadas — entre elas três policiais militares já presos e três civis foragidos.
A investigação revelou ainda esquemas de corrupção e extorsão envolvendo agentes públicos, além de uma rede de lavagem de dinheiro do PCC por meio de construtoras e fintechs. O caso, apelidado de “Gritzbach”, expôs a complexa engrenagem financeira e territorial que sustenta a facção em atuação nacional e internacional.