O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou denúncia que detalha o uso de mensagens de WhatsApp e drones por integrantes do Comando Vermelho (CV) no Complexo da Penha e em comunidades da Zona Norte e Oeste do Rio. A investigação aponta Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, como o principal líder da facção nessas regiões, incluindo Gardênia Azul, Cesar Maia, Juramento, Quitungo e Alemão — áreas que recentemente foram retomadas de grupos paramilitares.
De acordo com o relatório final da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), Doca comanda uma estrutura hierárquica rígida, com punições severas a quem descumpre suas ordens. Imagens anexadas à denúncia mostram que sua residência é protegida por seguranças armados com fuzis. No topo da organização, ao lado de Doca, estão Pedro Paulo Guedes (Pedro Bala) e Carlos Costa Neves (Gardenal), considerados gerentes-gerais do tráfico, além de Washington Cesar Braga da Silva (Grandão), apontado como um de seus principais homens de confiança.
Mensagens interceptadas pelos investigadores mostram Grandão orientando o grupo a agir somente mediante autorização de Doca e Pedro Bala: “Ninguém dá tiro sem ordem do Doca ou do Bala”, diz um dos trechos. Gardenal, por sua vez, aparece em conversas tratando da compra de drones para monitorar ações policiais e planejar ofensivas contra as forças de segurança.
Segundo a denúncia, Doca, Gardenal e Grandão usavam grupos de WhatsApp para ordenar torturas, execuções, escalas de plantão em “bocas de fumo”, “pontos de visão” e “pontos de contenção”. Em um dos diálogos, Gardenal ordena a morte de um “vapor” acusado de perder drogas. Ele também mantinha um segundo número de celular, usado como backup das conversas, onde recebia e enviava fotos de veículos roubados oferecidos por ladrões a preços muito abaixo do mercado.
Outro nome citado é Juan Breno Malta Ramos, o BMW, que atua como gerente do tráfico na Gardênia Azul e lidera o grupo “Sombra”, responsável por expandir o domínio do CV em Jacarepaguá. Segundo os investigadores, BMW treinava novos integrantes no uso de armamento pesado e controlava câmeras de vigilância nas comunidades da Penha e Gardênia, algumas equipadas com sensores de movimento. Há ainda suspeitas de que ele utilize empresas de fachada para lavar dinheiro.
O MPRJ destacou que a análise das conversas, imagens e registros eletrônicos foi crucial para detalhar a estrutura da facção e sustentar os pedidos de prisão que resultaram na operação mais letal da história do Rio de Janeiro, segundo o órgão.