Em meio à escalada do conflito entre Índia e Paquistão na Caxemira, cresce a preocupação internacional com o fato de ambos os países possuírem armas nucleares. Segundo estimativas, a Índia tem cerca de 180 ogivas nucleares e o Paquistão, 170 — todas classificadas como "em reserva", ou seja, não implantadas e exigindo preparação antes de qualquer uso.
Apesar do aumento das hostilidades, especialistas avaliam que o risco de uso imediato dessas armas permanece baixo. Michelly Geraldo, especialista em política nuclear, afirma que as duas nações ainda operam sob uma lógica de dissuasão mútua. Ela alerta, no entanto, que a continuidade de ataques e contra-ataques pode levar a uma escalada difícil de controlar, aproximando os países de um "limiar nuclear".
O professor Vitelio Brustolin, da UFF e pesquisador de Harvard, reforça a improbabilidade de uso nuclear, destacando que o Paquistão enfrenta sérias dificuldades econômicas, agravadas por impactos climáticos.
Ambos os países justificam seus programas nucleares como parte da estratégia de segurança regional. A Índia segue a doutrina de "não usar primeiro" e só acionaria ogivas nucleares em caso de ataque. Já o Paquistão mantém armas de curto alcance como resposta a possíveis ofensivas indianas.
Atualmente, nove países detêm arsenais nucleares no mundo, que somam 12.331 ogivas. EUA e Rússia concentram 84% desse total, com mais de 5 mil ogivas cada. Em comparação, os arsenais indiano e paquistanês são pequenos e menos operacionais, sem ogivas em prontidão nos lançadores.
No entanto, enquanto o número total de ogivas está em queda devido ao desmantelamento de armas fora de uso, há indícios de que países como Índia, Paquistão, China e Coreia do Norte estejam ampliando seus estoques ativos.
O alerta da ONU por "máxima contenção" reflete o temor global diante de um confronto direto entre potências nucleares em uma das regiões mais densamente povoadas do planeta.