O jogador boliviano Miguelito, do América-MG, foi preso após ser acusado de ofensa racista contra o meia Allano, do Operário-PR, durante partida válida pela Série B do Campeonato Brasileiro. O episódio ocorreu aos 30 minutos do primeiro tempo, quando, segundo a denúncia, Miguelito teria proferido a frase “preto do c*ralho” após uma disputa de bola. A ofensa foi confirmada por Allano e por Jacy, capitão da equipe paranaense, segundo relato do delegado Gabriel Munhoz.

O árbitro Alisson Sidnei Furtado aplicou o protocolo antirracismo da CBF, interrompendo o jogo e cruzando os braços em X diante do peito, gesto que oficializa o registro da denúncia na súmula. A partida ficou paralisada por cerca de 15 minutos e prosseguiu com Miguelito ainda em campo, que foi substituído no intervalo. Ao final do jogo, vencido por 1 a 0 pelo Operário, ele foi conduzido pela Polícia Militar à delegacia e permanece detido à espera de audiência de custódia.

Imagens da transmissão não flagraram a fala por causa do ângulo da câmera, mas a Polícia Civil considera os depoimentos suficientes para o flagrante. O inquérito deverá ser concluído nos próximos dias, e a pena máxima para o crime de injúria racial é de até cinco anos de reclusão.

A CBF confirmou que o protocolo foi seguido corretamente, mas não comentou o caso. Em nota, Allano classificou o episódio como doloroso e inaceitável, afirmando que não se calará diante do racismo. O Operário-PR declarou apoio total ao atleta e prometeu providências.

Já o América-MG defendeu Miguelito. O presidente do Conselho de Administração do clube, Alencar da Silveira, disse que as acusações são “infundadas” e que o jogador sempre demonstrou conduta ética. O clube afirmou ainda que não encontrou indícios de atitude discriminatória e reiterou compromisso com a igualdade e os direitos humanos.