O presidente argentino Javier Milei anunciou um pacote de medidas para flexibilizar o uso de dólares pela população, inclusive sem necessidade de declarar a origem do dinheiro. Batizado de “Plano de reparação histórica da poupança dos argentinos”, o programa será formalizado por decreto e terá um projeto de lei encaminhado ao Congresso.

O objetivo, segundo o governo, é reduzir os controles sobre a poupança e impulsionar o crescimento econômico. O ministro da Economia, Luis Caputo, afirmou que, se a economia crescer entre 6% e 8%, o Estado devolverá ao setor privado entre US$ 420 bilhões e US$ 550 bilhões por meio de reduções de impostos.

Caputo estima que os argentinos guardam entre US$ 200 bilhões e US$ 400 bilhões fora do sistema financeiro, valor que representa até 66% do PIB argentino, estimado em US$ 600 bilhões. Segundo ele, liberar o uso desses recursos pode injetar capital diretamente na economia e acelerar o crescimento.

Durante entrevista à TV, Milei foi além e elogiou os sonegadores de impostos, chamando-os de “heróis” por terem se protegido dos “políticos ladrões”. Para o presidente, a evasão fiscal foi uma forma de resistência contra o Estado, e quem seguiu as regras “talvez tenha faltado coragem ou talento para sair do sistema”.

A medida representa mais um passo no desmonte do controle cambial que estava em vigor desde 2019, quando o governo restringiu a compra de dólares para evitar fuga de capitais. Agora, com a nova política, o câmbio argentino será liberado para flutuar livremente, com cotação entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar.

A expectativa do governo é que a liberação do mercado cambial e a circulação de dólares “do colchão” melhorem a confiança na economia. Com o anúncio, os títulos da dívida argentina subiram, refletindo o otimismo de parte do mercado com a nova diretriz.