Das mais de 9 milhões de toneladas de milho vendidas ao mercado externo no primeiro trimestre deste ano, cerca de 3,56 milhões foram escoadas pelos portos do Arco Norte.
O volume embarcado nos estados do Pará, Maranhão e Amazonas representou 36,4% da movimentação nacional, ultrapassando, pela primeira vez, a participação de Santos (SP) na saída do cereal ao mercado internacional, que foi responsável por 24,9% da movimentação total registrada nos meses de janeiro a março.
Os dados estão no Boletim Logístico de Abril, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O destaque fica para a movimentação registrada em Barcarena (PA) e Itaqui (MA).Os dois portos, juntos, foram responsáveis pela exportação de aproximadamente 2,76 milhões de toneladas de milho, cerca de 78% de todo volume embarcado nos quatro portos do Arco Norte, de acordo com a Conab.
“Muito provavelmente essa maior participação é decorrente de um custo de frete mais barato em relação às rotas para os portos do Sul e Sudeste, bem como pelos crescentes investimentos realizados nesses portos para o embarque de grãos e internalização de fertilizantes, o que promove, para muitas cargas direcionadas ao Arco Norte, o frete de retorno”, afirma o superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth.
Já para a soja, o porto de Santos, em São Paulo, continua sendo o principal destino para o escoamento do grão comercializado. Segundo o boletim, 43,2% da oleaginosa exportada entre janeiro e março deste ano, cerca 8,26 milhões de toneladas, saíram do posto paulista – um ligeiro aumento de 2,9 pontos percentuais com relação ao mesmo período do ano passado.
A participação do Arco Norte nos embarques de soja também foi elevada, saindo de 35,6% para 37,6%.
“As expedições de soja a partir do Porto de Paranaguá foram menores nos três primeiros meses de 2023, num percentual de 8,7% do montante nacional contra 15,2%. O menor fluxo é explicado em razão das barreiras nas estradas causadas pelas chuvas, que obrigaram os produtos a serem escoados para outros os portos”, diz Guth.
As análises do Boletim Logístico mostram que em Mato Grosso os preços dos fretes rodoviários registraram leve redução nos valores praticados, após a colheita do saldo remanescente de soja, em março. Apesar disso, o mercado se mantém aquecido e com cotações superiores às registradas no mesmo período do ano passado.
A tendência é de que o cenário se mantenha assim por um longo período, em decorrência das safras recordes, tanto de soja no primeiro semestre, quanto de milho no segundo.
Em Goiás, as cotações verificadas para o transporte de grãos em muitas praças também registraram recuo de maneira geral. A demanda pelo serviço ainda segue baixa, mas com a perspectiva de melhora a partir de maio, quando o produtor se verá obrigado a comercializar sua produção, na medida em que se aproximam os períodos para quitar financiamentos e adquirir fertilizantes para a próxima safra.
O cenário difere do encontrado no Paraná, onde as culturas de milho e soja apresentaram aumento nos valores de frete, reflexo da intensificação das colheitas. As exceções de preços praticados ocorreram com o cereal em Toledo e a leguminosa em Cascavel – ambos com destino a Paranaguá, influenciadas pelos bloqueios nas estradas devido às condições geradas pelo clima adverso.