A atualização mais recente da chamada “lista suja” do trabalho escravo incluiu novos empregadores em 22 unidades da Federação, resultando no resgate de 1.530 trabalhadores em condições análogas à escravidão. Os estados com maior número de inclusões foram Minas Gerais (33), São Paulo (19), Mato Grosso do Sul (13) e Bahia (12). Entre os setores mais afetados estão criação de bovinos para corte (20 empregadores), serviços domésticos (15), cultivo de café (9), extração e britamento de pedras (9) e construção de edifícios (8). Aproximadamente 16% dos nomes adicionados estão ligados a atividades urbanas.
Entre os novos nomes, destaca-se uma empresa terceirizada contratada pela JBS Aves. Em operação federal realizada no ano passado, dez trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão em uma unidade no Rio Grande do Sul. Outro caso envolve a Yellow Stripe, que prestou serviços para a T4F, responsável pelo Festival Lollapalooza Brasil. Em 2023, cinco trabalhadores relataram que eram obrigados a dormir em locais improvisados com colchonetes e papelão, situação considerada análoga à escravidão. Após a autuação, a T4F rescindiu o contrato com a terceirizada.
A “lista suja”, documento público divulgado semestralmente pelo Ministério do Trabalho em abril e outubro, visa dar visibilidade aos resultados das fiscalizações do governo no combate ao trabalho escravo. Os nomes só são incluídos após a conclusão do processo administrativo, com decisão definitiva e sem possibilidade de recurso, permanecendo no cadastro por dois anos. Uma portaria de julho do ano passado criou regras que permitem a retirada antecipada ou a inclusão em lista de ajustamento de conduta, mas os empregadores podem retornar à lista se reincidirem.
O Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), que atua em todo o país, completou 30 anos em 2025. Desde sua criação, mais de 68 mil trabalhadores foram resgatados e mais de R$ 156 milhões em verbas salariais e rescisórias foram assegurados, graças à atuação da Auditoria-Fiscal do Trabalho na coordenação das operações.
A lista também removeu 184 empregadores que completaram os dois anos de inclusão. Casos recentes ocorreram entre 2020 e 2025, incluindo nomes como Ana Cristina Gayotto de Borba, esposa de um desembargador de Santa Catarina, e Marcos Rogério Boschini, genro de um dos condenados pela Chacina de Unaí (MG) em 2004.
Auditores-fiscais do trabalho realizam fiscalizações constantes, muitas vezes com apoio da Defensoria Pública da União, Ministérios Públicos Federal e do Trabalho, Polícia Federal, Polícia Rodoviária e outras forças. Quando trabalhadores são encontrados em condição análoga à escravidão, é lavrado um auto de infração, que gera processo administrativo no qual os empregadores têm direito à defesa.
Denúncias podem ser feitas de forma remota pelo Sistema Ipê, lançado em maio de 2020 em parceria com a Organização Internacional do Trabalho. O denunciante não precisa se identificar, apenas fornecer o máximo de informações possível, permitindo que a fiscalização analise e verifique os casos no local.