A Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso (Sedec) deu um passo estratégico para abrir o mercado chinês para o DDG, um subproduto da indústria de etanol de milho, usado como suplemento proteico na alimentação animal. Este movimento pode transformar o futuro da cadeia produtiva do estado, o maior produtor nacional de etanol à base de milho.
A articulação teve início na China, através de Ariana Guedes, servidora pública estadual que atua no país. Ela foi quem recebeu o primeiro contato do grupo Donlink, gigante do setor agroindustrial chinês, que demonstrou interesse em importar pulses, como gergelim e feijões, além do DDG mato-grossense. A Sedec assumiu o papel de mediadora dessa missão ao estado, com o apoio do Instituto chinês de promoção comercial, o IPIM.
A comitiva da Donlink chegou a Cuiabá no domingo (13.4) e, em apenas três dias, visitou instalações e conheceu o setor produtivo. A missão resultou em três memorandos de entendimento: um com a Sedec, outro com a Associação dos Cerealistas de Mato Grosso (Acemat), e, por fim, com a Bioind (Associação das Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso), sendo este último assinado na quarta-feira (16.4), com a presença do secretário César Miranda.
“Este é um momento histórico para Mato Grosso. Estamos firmando um acordo com uma grande empresa chinesa, abrindo o mercado para o DDG produzido nas usinas de etanol de milho e cana de açúcar do estado, e também para toda a Ásia. Este é o trabalho do Governo de Mato Grosso, unindo a iniciativa privada brasileira e chinesa”, afirmou o secretário.
A assinatura do memorando com a Bioind é estratégica, pois pode ser utilizada pela Donlink para acelerar o processo de abertura do mercado chinês para o DDG brasileiro. Atualmente, a China consome cerca de 7 milhões de toneladas de DDG por ano, mas ainda não importa o produto do Brasil devido à falta de um acordo sanitário entre os países.
“O papel da Sedec foi atuar como ponte entre os interesses da empresa chinesa e o setor produtivo de Mato Grosso. Em pouco tempo, facilitamos encontros com instituições como Famato, Imea, Aprofir Brasil, Sebrae e outras empresas”, destacou Leonardo Figueredo, coordenador de Comércio Exterior da Sedec.
Giuseppe Lobo, diretor-executivo da Bioind, considerou o entendimento como um marco importante.
“A abertura do mercado para o DDG fortalece toda a cadeia produtiva do etanol. Mostramos aos investidores que Mato Grosso tem competitividade e que o DDG também pode ser um ativo valioso”, afirmou Lobo.
Mato Grosso já lidera a produção de etanol de milho no Brasil, respondendo por cerca de 80% da produção nacional. Com essa nova oportunidade, o estado pode atrair mais investimentos para a instalação de plantas industriais.
Agora, espera-se que o memorando sirva de base para tratativas diplomáticas, com uma missão brasileira prevista para visitar a China em maio. Além disso, há movimentações para que autoridades chinesas venham ao Brasil em breve.