Uma jovem de São Bernardo do Campo (SP) foi hospitalizada em estado grave após apresentar sintomas de intoxicação por metanol. Segundo relatos exibidos pelo Fantástico, ela começou a passar mal horas depois de consumir vodca com suco de pêssego durante um show de pagode.

Bruna, como foi identificada, enviou mensagens a amigas relatando forte mal-estar. “Parece que eu tomei a cachaça desse mundo todinho”, disse em um áudio. No dia seguinte, ela continuou vomitando e perdeu temporariamente a visão. De acordo com o diretor do Hospital de Urgência de São Bernardo do Campo, Fábio Silveira Araújo, o estado da paciente é crítico: “O suporte foi rápido, mas, pela gravidade, o resultado não tem sido o esperado”.

O caso integra uma série de 225 investigações sobre bebidas contaminadas com metanol em andamento no Brasil. Em São Paulo, dois homens morreram após consumir destilados em um bar na Mooca, que foi interditado.

Episódios semelhantes já ocorreram no país: em 1990, 18 pessoas morreram na Bahia após ingerirem pinga adulterada; em 1992, três jovens perderam a vida em Diadema depois de tomar uma mistura conhecida como “bombeirinho”. Entre 2016 e 2023, houve 11 mortes de pessoas em situação de vulnerabilidade social por intoxicação semelhante.

O antídoto mais eficaz contra o metanol é o fomepizol, que impede que o fígado transforme a substância em compostos altamente tóxicos. Quando o medicamento não está disponível, o etanol pode ser usado sob rigorosa supervisão médica. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou recentemente a importação de 2,5 mil tratamentos de fomepizol, adquiridos com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Segundo o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATOX) de Campinas, os primeiros sintomas da intoxicação surgem em até 24 horas e incluem náuseas, dores abdominais, tontura e visão turva. Em casos graves, há danos ao fígado, pulmões e nervo óptico, podendo causar cegueira e insuficiência respiratória.