Foto: Reprodução/TV Globo/Fantástico
Monday, 15 de September de 2025 - 11:18:25
Mulher vítima de enchente é enganada por quadrilha que prometia cesta básica e dinheiro
GOLPE APÓS ENCHENTE

Santielle de Souza tentou se recuperar de perdas causadas por uma enchente e do adoecimento da mãe por leptospirose quando recebeu uma proposta que parecia solidária: entregar documentos em troca de uma cesta básica e R$ 100. No entanto, anos depois, ela descobriu que havia sido vítima de um golpe.

“Eles vinham nas casas, perguntavam se não queria fazer um cadastro para pegar uma cesta e ganhar R$ 100. Só que precisava dar RG”, relatou Santielle. A promessa nunca se concretizou, e ela passou a sofrer consequências do golpe: recebeu multas de um carro que nunca teve em seu nome e teve uma conta bloqueada ao tentar abrir outra.

Investigações da Polícia Civil e do Ministério Público revelaram que a quadrilha coletava dados de famílias vulneráveis para abrir contas bancárias em nome das vítimas, movimentando grandes quantias. Em um caso, cerca de R$ 300 mil passaram por uma conta aberta com os dados de Santielle. Algumas empresas de fachada e até uma fintech ligada a um policial civil eram usadas para lavar recursos; só uma das empresas investigadas movimentou R$ 80 milhões.

O núcleo da quadrilha é formado por brasileiros e chineses, incluindo Ricardo Daffre, Carlos Donizete de Souza, Lin Chen, Jie Zhang, Jie Wang, Yao Ji e Xiangguo Li. Cinco deles estão presos, enquanto Lin Chen e Yao Ji seguem foragidos. As defesas negam envolvimento, e advogados destacam a falta de provas concretas.

A lista de vítimas já passa de 3 mil pessoas. Muitas delas, como Santielle, tiveram documentos usados sem autorização e chegaram a ser denunciadas à Justiça antes de serem reconhecidas como vítimas. “É vergonhoso ver sua parte em viatura como se tivesse cometido algum crime”, relatou outra moradora do Jardim Pantanal, também enganada pelo esquema.

Segundo os promotores, muitos pais e mães de família, idosos e moradores em situação vulnerável tiveram seus nomes usados de má-fé. A investigação mostrou que os dados eram repassados a empresas de fachada e transferidos para fintechs ligadas à quadrilha, permitindo a movimentação ilícita dos recursos.

 
Texto/Fonte: G1