Foto: Nestlé/ Divulgação
Monday, 01 de September de 2025 - 16:41:43
Nestlé substitui CEO após demissão de executivo por relacionamento com subordinada
MERCADO CORPORATIVO

A Nestlé anunciou a saída de Laurent Freixe da presidência executiva após a revelação de um relacionamento dele com uma subordinada, prática que vai contra o Código de Conduta da empresa. A decisão foi tomada pelo presidente do conselho, Paul Bulcke, em conjunto com o diretor independente Pablo Isla e com apoio de advogados externos. Segundo Bulcke, a medida foi difícil, mas necessária para preservar os valores e a governança da companhia.

O cargo mais alto da multinacional agora será ocupado por Philipp Navratil, executivo com mais de duas décadas de trajetória dentro da Nestlé. Ele começou como auditor interno em 2001 e, desde então, liderou operações em Honduras e no México, comandou a estratégia global de marcas como Nescafé e Starbucks e, mais recentemente, esteve à frente da Nespresso, onde obteve forte crescimento. Em janeiro de 2025, Navratil já havia sido promovido ao conselho executivo da empresa.

Em sua primeira manifestação como CEO, o novo líder afirmou estar “honrado” com a confiança recebida e destacou o compromisso em dar continuidade à linha de trabalho já em andamento. “É um privilégio assumir a responsabilidade de liderar a Nestlé rumo ao futuro. Estou ansioso para trabalhar em alinhamento com o conselho e intensificar a criação de valor”, declarou.

O conselho de administração ressaltou que a troca de comando não deve alterar os rumos estratégicos da companhia, que continuará priorizando eficiência e expansão. “Philipp é reconhecido por entregar resultados em cenários desafiadores. Estamos confiantes de que ele impulsionará nossos planos sem perder o ritmo”, destacou Bulcke.

A saída de Freixe ocorre em um momento em que o debate sobre relacionamentos no ambiente de trabalho ganha destaque. No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não proíbe relações afetivas entre colegas, pois a intimidade e a vida privada são direitos constitucionais assegurados. No entanto, empresas podem adotar normas internas para evitar conflitos de interesse.

Especialistas apontam que códigos de ética podem restringir situações hierárquicas ou a atuação de casais no mesmo setor, de modo a não afetar a produtividade ou a imagem institucional. Para a advogada Cristina Pena, “proibir que as pessoas se apaixonem é inconstitucional, mas é possível estabelecer regras de comportamento dentro da empresa”. Já o advogado Ronaldo Ferreira Tolentino alerta que impor limitações sobre condutas fora do ambiente corporativo pode configurar invasão de privacidade.

Texto/Fonte: G1