Investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União revelaram que associações ligadas ao INSS vêm realizando descontos em aposentadorias e pensões sem autorização dos beneficiários desde pelo menos 2019. Estima-se que o esquema tenha desviado cerca de R$ 6 bilhões.

Entre março de 2020 e abril de 2024, o número de beneficiários com descontos passou de 2 milhões para quase 8 milhões, enquanto o valor repassado às entidades saltou de R$ 40 milhões por mês para mais de R$ 306 milhões em janeiro de 2025 — um aumento de 650%. A Contag foi responsável, no início, por 75% dos descontos registrados.

Auditoria da CGU apontou que algumas entidades chegaram a registrar mais de 50 mil novos associados em um único mês, o que demandaria até 1.500 cadastros por hora, ritmo incompatível com qualquer estrutura operacional conhecida. Ainda assim, o INSS autorizou os descontos, sem comprovação adequada das filiações.

A biometria facial e a assinatura digital passaram a ser exigidas em 2021, mas só surtiram efeito a partir de 2024, após nova instrução normativa. Desde abril do mesmo ano, as associações perderam quase 1 milhão de associados.

Até agora, 1,6 milhão de beneficiários já solicitaram reembolso dos valores descontados indevidamente. O número de entidades com acesso ao sistema passou de 10, em 2020, para 37, em 2025. As investigações continuam e há indícios de participação de servidores do INSS no esquema.