Um posto de combustíveis no Bixiga, em São Paulo, recebeu metanol importado e desviado pelo PCC, segundo as investigações da Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Polícia Federal e Ministério Público. O esquema envolvia adulteração de combustíveis e lavagem de dinheiro por meio de distribuidoras, fundos de investimento e postos ligados à facção.

O Auto Posto Bixiga já havia sido notificado mais de 30 vezes pela ANP entre 2022 e 2024, sendo interditado em quatro ocasiões por irregularidades no etanol e na gasolina. Em junho de 2022, uma fiscalização apontou alto teor de metanol no combustível vendido. O produto, importado via Paranaguá (PR) com destino formal a indústrias de biodiesel em Mato Grosso, era desviado por caminhões para a capital paulista e descarregado em postos da Grande SP.

Motoristas relatam prejuízos com o combustível adulterado. Vinícius Pimenta contou que seu carro apresentou falhas graves após abastecer no local. O mecânico responsável pelo reparo confirmou danos típicos de adulteração, como corrosão em peças e falhas no sistema de injeção eletrônica.

Embora a ANP afirme que o posto foi desinterditado após “cessar as causas da interdição”, no dia da operação o local estava fechado com tapumes. A agência lembra que multas para postos irregulares podem chegar a R$ 5 milhões.

A operação também mapeou 19 postos em Goiás, São Paulo e outros estados ligados ao esquema, muitos em nome de empresários apontados como laranjas do PCC. Segundo a PF, o grupo usava notas fiscais frias para mascarar o transporte do metanol e mantinha galpões e redes de distribuição paralelas.