As recentes ações do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE), realizadas em junho como parte da política migratória do governo Trump, têm provocado uma saída em massa de trabalhadores agrícolas, principalmente imigrantes em situação irregular.

Produtores rurais da Califórnia relatam que cerca de 70% dos trabalhadores não estão mais comparecendo aos campos, comprometendo a colheita de frutas e verduras, que começam a apodrecer por falta de colheita. Supervisores relatam quedas drásticas no efetivo, com equipes reduzidas de centenas para poucas dezenas de funcionários.

Segundo especialistas, cerca de 80% da força de trabalho agrícola nos EUA é composta por estrangeiros, quase metade em situação irregular. A ausência dessa mão de obra impacta negativamente a cadeia de abastecimento alimentar, podendo elevar os preços para consumidores e ameaçar a sobrevivência dos fazendeiros.

Os próprios imigrantes relatam medo constante de serem presos e deportados, gerando apreensão diária. Apesar disso, muitos retornam aos campos dias após as operações, por falta de alternativa de renda. Estratégias para minimizar riscos incluem dividir caronas e enviar familiares cidadãos para fazer compras.

O presidente Trump reconheceu o prejuízo causado pela retirada dos trabalhadores, chamando-os de “muito bons” e afirmando que são “quase impossíveis de substituir”. Prometeu emitir uma ordem para mitigar os impactos, mas até o momento não houve mudanças na política.

A Califórnia é um dos maiores polos agrícolas do país, responsável por mais de um terço dos vegetais e mais de três quartos das frutas e nozes produzidas nos EUA, movimentando quase US$ 60 bilhões em 2023. A continuidade das batidas contra imigrantes põe em risco esse importante setor.