Um novo levantamento internacional aponta que o Brasil lidera o número de milionários em dólar na América Latina, com cerca de 433 mil pessoas com patrimônio igual ou superior a US$ 1 milhão — aproximadamente R$ 5,48 milhões na cotação atual. O dado coloca o país em 19º lugar no ranking global, liderado pelos Estados Unidos, com 23,8 milhões de milionários, seguidos pela China continental (6,3 milhões) e França (2,8 milhões).
Entre os latino-americanos, o México aparece logo atrás do Brasil, com 399 mil milionários. O relatório, que avaliou 56 países responsáveis por mais de 92% da riqueza mundial, também mostra que, em 2024, a população mundial de milionários cresceu 1,2%, com a adição de 684 mil pessoas a esse grupo.
A concentração de riqueza, no entanto, acentua a desigualdade. Apesar da expressiva quantidade de milionários, o Brasil apresenta média de riqueza por adulto (US$ 31 mil) inferior à média da América Latina (US$ 34,7 mil), e muito distante da de países como Suíça (US$ 687 mil) e EUA (US$ 620 mil). A riqueza mediana brasileira — valor que divide a população adulta ao meio — é ainda menor: cerca de US$ 6.482, revelando forte disparidade na distribuição.
Desigualdade recorde
O índice de Gini patrimonial, usado para medir a desigualdade de riqueza, colocou o Brasil entre os países com maior desequilíbrio: 0,82, empatado com a Rússia. Para comparação, a Eslováquia, última colocada no ranking da desigualdade, teve coeficiente de 0,38. O índice difere dos dados divulgados pelo IBGE, que se referem apenas à renda, enquanto o estudo global considera todo o patrimônio, incluindo imóveis, investimentos e veículos.
Perspectiva de heranças bilionárias
O Brasil também figura como segundo colocado no mundo com maior volume projetado de heranças a serem transferidas nos próximos 20 a 25 anos: quase US$ 9 trilhões, atrás apenas dos Estados Unidos (mais de US$ 29 trilhões). A projeção considera o tamanho da população brasileira acima dos 75 anos, que, segundo os autores do estudo, acumula grande quantidade de patrimônio passível de transferência entre gerações.
O estudo destaca ainda que o crescimento da riqueza global voltou a acelerar, com alta de 4,6% em 2024, ligeiramente acima do crescimento de 4,2% registrado em 2023. A América do Norte puxou esse avanço, impulsionada pela estabilidade do dólar e pelo desempenho positivo dos mercados financeiros.