Foto: Reuters/Jonathan Ernst
Tuesday, 21 de October de 2025 - 06:22:57
Pane em data center da Amazon nos EUA provoca falhas em iFood, Mercado Livre e outros serviços
TECNOLOGIA E INFRAESTRUTURA DIGITAL

Uma falha na região US-EAST-1 da Amazon Web Services (AWS) — localizada no norte da Virgínia, nos Estados Unidos — causou instabilidade em plataformas como iFood, Mercado Livre e PicPay, afetando o funcionamento de diversos serviços digitais no Brasil e no exterior. O problema, segundo a empresa, foi identificado na madrugada de segunda-feira e só foi totalmente resolvido cerca de 15 horas depois.

O erro ocorreu em um dos grupos de data centers mais antigos e populares da AWS, criado em 2006, conhecido pelo custo reduzido e pela ampla gama de serviços oferecidos. A região US-EAST-1 é a mais utilizada por empresas que buscam reduzir gastos com infraestrutura digital, já que o preço do processamento em servidores virtuais é cerca de 60% mais baixo que em São Paulo — US$ 0,0042 (R$ 0,023) contra US$ 0,0067 (R$ 0,036) por unidade de processamento.

Segundo o engenheiro e professor de computação em nuvem Rafael Bordini, essa diferença aparentemente pequena se multiplica por milhões de operações realizadas a cada hora. “Ela explica por que tantas empresas preferem hospedar seus sistemas nessa região específica”, destacou.

A falha teve origem no DynamoDB, banco de dados de alta performance da AWS, que apresentou um problema na resolução de DNS — o processo que converte endereços de sites em números (IPs) compreendidos por computadores. Além disso, houve dificuldades para criar novos servidores virtuais no Elastic Compute Cloud (EC2), serviço que ajusta automaticamente a capacidade de processamento conforme a demanda.

O incidente foi detectado às 4h11 (horário de Brasília) e completamente corrigido às 19h01, quando todos os serviços foram restabelecidos, segundo a AWS.

A interrupção foi a maior registrada desde julho de 2024, quando uma falha da empresa de segurança CrowdStrike gerou a “tela azul” do Windows em sistemas de hospitais, bancos e aeroportos em diversos países. A mesma região da AWS já havia enfrentado panes relevantes em 2020 e 2021.

Especialistas apontam que a dependência de um único provedor de nuvem aumenta o risco de instabilidade em cadeia. “Quando todas as grandes empresas concentram suas operações em um só serviço, basta um erro para comprometer toda a estrutura”, explicou Nishanth Sastry, diretor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Surrey, no Reino Unido.

O professor Ken Birman, da Universidade Cornell, avaliou que parte da responsabilidade recai sobre os próprios desenvolvedores. “Muitos cortam custos e não implementam redundâncias adequadas para se proteger de falhas desse tipo. Esses são os casos que merecem ser analisados após cada incidente”, afirmou à Reuters.

A AWS, líder global em computação em nuvem à frente da Azure (Microsoft) e do Google Cloud, afirmou que continuará revisando seus protocolos de segurança e redundância para evitar novas interrupções.

Texto/Fonte: G1