Imagens de câmeras de segurança registraram, em detalhes, a execução do ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, 68 anos, em Praia Grande, na manhã de sexta-feira (12.9). O vídeo mostra toda a sequência do atentado, desde a perseguição até a fuga dos criminosos.
No início da ação, o carro de Fontes aparece sendo seguido por outro veículo. Logo depois, o automóvel do ex-delegado bate contra um ônibus e capota na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim. A Polícia Militar apura se ele já havia sido baleado durante a perseguição, o que poderia ter provocado a perda de controle do veículo.
As imagens mostram que o carro dos criminosos conseguiu frear antes de colidir com um dos ônibus. Três homens desceram, enquanto um quarto suspeito permaneceu na direção. Um deles deu cobertura próximo ao automóvel, enquanto os outros dois se aproximaram do carro de Fontes e o executaram com disparos de fuzil.
Durante a ação, um homem e uma mulher que passavam pelo local também foram atingidos. Segundo a Prefeitura de Praia Grande, ambos foram socorridos pelo Samu e levados para a UPA Quietude. Eles não correm risco de morte e foram transferidos para o Hospital Municipal Irmã Dulce.
Depois dos disparos, os criminosos retornaram ao veículo. Enquanto o motorista fazia o retorno com as portas abertas, o trio entrou rapidamente no carro e fugiu da cena do crime.
A execução reacende a lembrança da trajetória de Fontes no enfrentamento ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Formado em Direito e pós-graduado em Direito Civil, ele passou por delegacias especializadas como o DHPP, o Denarc e o Deic. No início dos anos 2000, à frente da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos, iniciou investigações contra a facção, sendo responsável por prender líderes e mapear sua estrutura.
Sua atuação foi central nos ataques de 2006, quando o PCC reagiu violentamente à transferência de seus chefes para presídios de segurança máxima. Entre 2019 e 2022, comandou a Polícia Civil de São Paulo, indicado pelo então governador João Doria. Nesse período, coordenou a transferência de líderes da facção para penitenciárias federais, medida estratégica para reduzir seu poder dentro das cadeias.
Além da carreira policial, Fontes foi professor de Criminologia e Direito Processual Penal, participou de cursos no Brasil, França e Canadá, e desde 2023 ocupava o cargo de secretário de Administração de Praia Grande.