O Primeiro Comando da Capital (PCC) já tem mais de 2 mil integrantes atuando em pelo menos 28 países, segundo mapeamento do Ministério Público de São Paulo obtido com exclusividade pelo g1 e GloboNews. O Paraguai lidera a lista com 699 membros — 341 presos e 358 em liberdade. Há registros também na Europa, com integrantes da facção em penitenciárias de Espanha, França, Holanda e Irlanda. No total, o PCC conta com cerca de 40 mil membros no Brasil e no exterior.
O levantamento, que cruza dados de inteligência obtidos por monitoramento, interceptações e cooperação internacional, está sendo apresentado a embaixadas e consulados para reforçar o combate ao crime organizado transnacional.
Segundo autoridades, a principal ameaça do PCC no exterior é sua capacidade de se infiltrar em presídios — como já ocorreu no Paraguai, Argentina, Chile e, mais recentemente, em Portugal — para fortalecer sua estrutura e recrutar novos integrantes, inclusive nativos. O promotor Lincoln Gakiya alerta que o modelo de expansão da facção combina controle prisional e alianças com máfias locais, como a 'Ndrangheta, na Itália.
Portugal se tornou um dos principais pontos de fixação da organização na Europa devido à afinidade cultural com o Brasil. Autoridades portuguesas relatam apreensões de drogas, prisões de integrantes e tentativas de suborno em portos do país para facilitar o envio de cocaína a outros países europeus.
Além disso, há registros da atuação do PCC em locais estratégicos para tráfico e lavagem de dinheiro, como Sérvia, Líbano, Japão e Hong Kong. O Japão, por exemplo, tem atraído traficantes devido ao alto valor do quilo da cocaína — que pode ultrapassar US$ 150 mil — e por ser porta de entrada para a Ásia e Oceania.
Especialistas alertam que, embora a presença do PCC em muitos países seja voltada inicialmente a negócios, a permanência da facção costuma resultar em estruturação local, recrutamento de membros e aumento do risco de violência, especialmente dentro dos sistemas penitenciários.